terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Sem dúvidas, eu não ando bem dos sentimentos. 

I can't fight it anymore.
And I wonder if I ever cross your mind
For me it happens all the time. (8)



            Hoje acordei sentindo sua falta. Falta da sua mão em mim. Falta do seu cheiro. Falta daquele hálito mentolado me dizendo bom dia. Tento me abraçar mais forte, me proteger da brisa, mas nada adianta. Sufoco de não ver mais seu travesseiro, sufoco no meu. Eu preciso de você de novo, não quero mais seu corpo, mas também o quero como nunca quis. Quero cada parte de você, te quero inteiro, e me quero de volta. Um dia me disseram que viria, mas, acordei. Me vi ali, no pranto. Com aquele ferver que se espalhava por tudo em mim, mas que todos não saciavam. Era fome de você. E porque só agora vi? Só agora entendi. Grito, choro, sangro e urro. Como quem te perdeu pra sempre, como quem ao menos te conheceu. Como quem te quis e não quis. Cadê você pra eu sussurrar o quanto eu te desejo, o quanto meu corpo sem o seu não é completo. Não vivo sem teu abraço, sem suas mãos se entra lançando com meu corpo na nossa dança perfeita.  Saudade do seu carinho no lábio inferior no canto direito e depois sua leve puxada para perto de sua boca e em seguida dos beijos lentos e cheios de amor. Pergunto-me se te perdi, ou se ao menos te conheço. Se foi um sonho, ou mais uma noite regada a bebida barata. Se foi o amor da minha vida que morreu, ou mais uma noitada que passou. E no fim, porque se foi? Ou porque não passa essa dor, de nunca ter te visto, aquele que sem duvida, tranca minha alma, seduz meus pensamentos e rouba minha vida, constantemente.

Ana Siqueira - 29 de dezembro de 2010

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Mas amor de verdade é assim não é?

Para ouvir enquanto ler, se possível. 


Mas amor de verdade é assim não é? 


Mas amor de verdade é assim não é? Um ama e o outro se machuca. Como alguém é capaz de judiar do coração de quem o ama. Tenho certo caso, ou acaso ou até mesmo fato, pra dividir o que traduz. Certa manhã, flor cochichou no pé da amiga o quanto era formoso e singelo o cravo que passeou pelo seu trechinho de terra. Sanhoso cravo era aquele sabe? Quando viu que eu o via tratou logo de sanhar-se no meu terreno. Foram aqueles bate-folhas, e foi mágico. O sol, que esperto, tratou de se por devagarzinho, pra deixar o amarelo das pétalas dele bem fortes. De fato, de imediato. Amou. E ele teve que ir, no vaso levado pela mão da moça. Amou como quem esquecera que o inverno chegava. Passou frio, e ficou acordada, esperando a jura de que voltaria sanhoso Cravo, cheirava a canela, e beijava, como beijava, não sabia, mas imaginou doce e envolvente, apaixonante. Amava como se Deus tivesse criado apenas aquele cravo no mundo. Tantos outros nem olhei, seguei. Foi aos poucos me faltando luz, pois não queria ver. Foi aos poucos me faltando água, pois nenhuma saciava. Queria o perfume daquele flor, queria a essência daquela canção que entrou na cabeça naquela manhã. Queria reviver o fim da tarde. Os olhos brilharam de novo. Era o mesmo vaso que voltava na mão da moça. Era outra primavera, o mesmo sol brilhava. Era ele, o amor Dela. Mas aos poucos os brilhos de alegria se confundiram. O sol se escondeu rápido de medo. O céu ficou cinza. O vaso voltará acompanhado. Uma cravo magenta pomposa, se pois atrás dele, olhando a pobrezinha com um olhar de coitada. A pobre Maria-sem-vergonha, tímida, como nunca antes, desviou o olhar quando viu os olhos do cravo. Parecia maldade. As lagrimas da pequena se confundiram com os pingos de chuva, ao mesmo tempo matando afogada e aumentando as mágoas. Morreu. Simples assim. Se não de corpo, de alma. Desacreditou de tudo e todos. Viveu assim, até quando Deus quis. E pensara sempre que via o cravo sanhoso por ai: Mas amor de verdade é assim não é? Um ama e o outro se ...

Ana Siqueira - 26 de novembro de 2010

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Vesti;

  Enfim, algo brotou, e como Clarice é sempre propicia...

No mais fino e doido do seu sentimento ela pensava: Vou ser feliz!

Clarice Lispector


Vesti.

    Vesti, a cinta liga e liguei o foda-se. Criei a feição de má, e coloquei a desordem em primeiro lugar. A noite não começa cedo, e o respeito deixei debaixo do travesseiro. A loucura plena era lucro e o amor era lenda. Amor. Já senti, e já mataram, por isso passado. Amor hoje, é vicio. O que tenho nas veias, já não é homogêneo. Tem 40% de álcool.  Minha vida é na rua. É a saia de couro, a meia rasgada e o som das cordas elétricas fritando minha cabeça. O que eu gosto mesmo é de estar entre quatro paredes, e em cima de uma cama, com o calor subindo das pernas até o ultimo fio de cabelo. Pintei minhas unhas de vermelho, mudei o tom do cabelo. E subi. No salto agulha de 12 cm. A vida antes de cálculos e movimentos minuciosos para nada dar errado é hoje é de poemas sem rima, boemias e prazer, vivendo só o hoje. Uma vida regrada a luxúria e de idolatria a Baco. Hoje, sou sedenta de carne e não quero mais aquele vestido florido. A inocência ficou na infância e meus pedidos são mais ousados e materiais. Já não são as mesmas faces ou intelectos. Já não são aqueles momentos para fugir de casa. Hoje a necessidade não está em saciar, mas sim em não morrer. Talvez o rosa das flores ainda esteja na alma, mas hoje, só o vermelho da boca daqueles que são tão infiéis quanto eu, me fazem entrar no êxtase, me fazem gritar e chegar ao ápice. Só o calor, e o contato e aquelas palavras, nem tão sinceras, me fazem acreditar. E o sorrir? Somente aparece, quando aquela satisfação brota de seus meios. Já não era a mesma vida, ou os mesmos planos. Era o hoje e o vestir, a vida que nunca estaria em seus planos. E lançou-se.

03 de novembro, 2010.




quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Enfim depois de tanto tempo saiu alguma coisa, rs.


Desabafo!



Eu só queria alguém. Será que é tão difícil, alguém corresponder alguém? Eu queria poder todos os dias te abraçar e dizer sorrindo o quanto eu te amo. Queria também, poder dizer a todos o quanto você é diferente, e é o melhor homem do mundo. Queria ser todos os dias das nossas vidas só sua. E deixar bem claro que não quero outro, a não ser você. Quero seus beijos, seus abraços, seu toque e sua voz, ao pé do meu ouvido, me dizendo que me quer também. Eu só queria poder  colocar todo esse amor que está trancado dentro do peito em você. Queria dividir, somar e multiplicar, só com você. Queria chorar com você, queria chorar por você. Queria saber como é amar e ser amada. Como é se entregar a uma pessoa que te faz bem. Como é o amor. Mas esse alguém, só Deus sabe quem, não aparece. E não vem, então escrevo esse desabafo, afim de que ele, ou até Deus leia, e me traga aquele que vai me tirar o ar, me fazer sorrir, me amar, como deve ser.

30 de setembro de 2010


domingo, 12 de setembro de 2010


Primeiramente, agradeço ao meu amado Peter Pan (Pedro Awesome , artista maravilhoso e  amigo, o blog dele tá ali do lado, 'a Vida em Natasha'), que me fez inspirar esse texto. Dedico cada caracter dele, a você querido (:


"Primavera se foi e com ela meu amor
Quem me dera poder consertar tudo que eu fiz
O perfume que andava com o vento pelo ar
Primavera soprando pr'um caminho mais feliz
".
                                     Los Hermanos;





Primavera;






Um dia, uma guria estava passeando pelo parque, e resolveu sentar-se em um banco em baixo de uma grande primavera. Com o passar dos dias percebeu, que sempre fazia o mesmo trajeto e sentava-se ali. Certo dia, um rapaz muito amistoso, pediu licença e sentou-se do lado dela. Como todo dia antes dele aparecer, agora com ele. O mesmo caminho, e a mesmas horas ali, e por ventura conversas, muitas, inumeras, sempre ali no banco embaixo da primavera. Passava se inverno e verão. E eles sempre estavam ali. Por um acaso do destino, a guria se vê enamorada do rapaz. Mas prefere o segredo, e continuar tendo seus encontros diários. Os dias se passaram e a paixão aumentou. Foi o estopim, naquela noite, ela decidiu que diria sim aos seus sentimentos. Feiz-se linda, e sentou no banco, e ali permaneceu, talvez horas mas para ela meses, anos ou sua vida. Não havia nem um sim ou não, muito menos o garoto, que percebera nem saber o nome. Se viu perdida, sem vida. Foi embora, e nunca mais se aproximou, da primavera, e desde esse dia, detestou a estação das flores, dos amores e das cores.


13 de setembro de 2010 - Ana Siqueira

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Acredita?

“Ela acreditava em anjo e, porque acreditava, eles existiam”. Clarice Lispector.



E porque precisou eu apareci. Não sei de onde, muito menos quando, só sabia o por que. Encontrei-te. Ao pranto, ao canto. E ao largo da vida. A ruína da alma. Peguei-te. Coloquei-te sobre o peito. Fiquei ali, instantes, dias, décadas. A vida é difícil, você diz e rediz e sangra. Como nunca mais imaginou. A dor não cabia na lagrima. Bateu-me, arrebentou. Pena a pena. Deixei. Que pudera eu dizer ou fazer? Ouvira, ouvira com aqueles ouvidos de quem só estava ali pra ele. De quem era só dele. Meu silencio não acalentava tua alma. Teu pesar. Era inútil. Quando acalentou. Segurei as mãos. Respirou. Olhei nos olhos. Respiramos. E disse o quão belo, é a vida sem as tristezas. Não acreditava. Indago, qual a função de um anjo então? Quero te proteger. Mas preciso do teu sim. Da tua luz. Sem você não existe o meu viver, torno-me inimigo.
Instantes, horas, décadas. Passei só junto dele, no meu colo, no meu choro, no meu peito. Foi o melhor guardado que eu podia ter tocado. E toquei. Viveu de novo. Reviveu no sorriso! Na alma. Era luz irradiada. Por instantes, voamos juntos. Sobre o céu, sobre o breu. Era uma alegria tão maior, mas tão maior, que nos elevava ao céu. Voltamos. Fiquei tonta com a claridade. Senti uma dor e perdi as asas. Soltaram-se, voaram sozinhas pra longe, até o fim do horizonte. Minha luz se foi. Só uma pena ficou. Eu me deprimi dessa vez. Não seria mais o ser conselheiro. A criatura celestial. Seria comum. Ele me pegou, com as mesmas mãos que sofriam, até tempos atrás, e disse que ali onde vivia, chamava-se amigo. Que eu estava na terra, com a mesma função, guardar. E que por ele acreditar, ela continuaria ser anjo, o seu anjo.

sábado, 28 de agosto de 2010

 
   Hospital


         E o que temia aconteceu. A doença já não estava mais na alma, mas no corpo. Não era algo mais que só meu afeto podia curar, e isso me desagradava muito. Insisti que consultássemos o especialista. Por mais que fosse contrário, foi. Chegando, corredores e corredores, cercadas de pessoas, paredes, coisas, mas tudo branco. De vez uma pitada rubra para dinamizar as coisas. Enfim, a saleta, apertada. Uma mesa, uma maca, alguns aparelhos básicos e um senhor risonho, barbudo e sorridente nos abraçando e cumprimentando. Depois de uma longa conversa, o pediu para deitar-se na maca. Foi o único instante que soltamos as mãos. Deitou e ali ficou um bom tempo. Aos poucos, o sorriso do senhor tornava-se um rosto fechado e tenso. E o que temia aconteceu. Não saiu mais daquela maca por um bom tempo. Trocou de leito, de setor, mas ali, na maca. Mas não fui covarde. Todo dia. Prontidão servida. Flores do campo no vaso, sorriso no rosto, beijo na boca e a promessa. Sempre. Independente da hora, do dia, do ano. Foi abandono e entrega. Foi amor e loucura. Larguei de tudo, só para ficar com ele, só para ter o toque das suas mãos todo dia, e convencê-lo de quanto eu estava junto dele. E se foram ali quatro anos da vida dos dois, de loucura, de sorrisos, mas sobre tudo de amor. Todos se juraram contra, mas eu permaneci ali junto dele até o fim. E que fim. Saímos do hospital do jeito que entramos, certamente que um pouco mais velhos, e decididos. De mãos dadas juramos. Amor eterno. Amor além da vida. Amor hospitaleiro. De mãos dadas, entregues a vida, e pensando, ainda bem que aconteceu.

Ana Siqueira – 28 de agosto de 2010

*esse texto saiu estranho, foi meio contra mim. rs

domingo, 22 de agosto de 2010

Foi...
Apaixonado, intenso, quente e envolvente. 
Como o tango.
Os corpos se encaixaram. 
A sintonia foi perfeita.
Foi o ofegar mais desejado, a dor mais prazerosa. 
Foi a noite, em que o tango se fez carne, e o sexo se fez música. 
Luxúria e sintonia.
Foi...
O vinho mais antigo, da uva mais doce. 
a boca mais molhada, e os lábios mais ainda.
Perfeito e caloroso.
Saudoso e infinito.
Pra sempre, e acabado ali.
O abraço mais caloroso. O sim mais bem dado. 
A quentura derramada sem arrependimento.
A língua mais bem posta. O membro sem direção. 
A dança mais esperada. O tango.
Quente, apaixonado, intenso... 



                 "Por una cabeza,
                       todas las locuras.
                               Su boca que besa"
                                                   Carlos Gardel.



http://www.youtube.com/watch?v=dBHhSVJ_S6A&feature=related


Ana Siqueira - 22 de agosto de 2010

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Só mais uma.



       Já era o entardecer, era sinal de que estávamos ali há muito tempo, sentados sem ação. Ambos no chão de frente para o espelho que o sol fizera. Eu, de pernas cruzadas, do meu lado, ele esticado sem pretensões. Fomos largados pelos outros dois, que ficaram a alguns metros. Nos olhamos e desviamos os olhares muitas vezes. Diria infinitas vezes. Mãos nas mãos. Eu queria mesmo é dizer o quanto amava, sem sucesso. O quanto aquilo estava preso dentro de mim, desde que me fiz mulher. Desde quanto o desejei como presa e não mais amigo ou até mesmo irmão. Para ele, só mais uma. Desabrochei. Dos olhos meus não se viam mais luz. Via-se água. Jorrou, jorrou, jorrou. Por fim suspirou. Sua mão acalmou meu peito tremulo. Seu calor confortou o frio que meu coração sentia e o medo que se aproximava. Chegará a hora. Só mais uma para ele. Jorrou mais forte e mais intenso. Sussurrava palavras intensas, e de suplicio, mas, sobretudo de amor. Mas que adiantará? Só mais uma. Olho no olho. Com uma das mãos, envolveu uma lágrima teimosa que quis se mostrar no meu rosto, e ela dali não passou. Sua outra mão aos poucos envolveu minha cintura. Frente a frente. Olhou-me e voltou seu olhar para minha boca. O batimento e o sangue subiram. Olhei teus lábios também. Rendi-me ao sentimento involuntário das mãos que as levaram ao seu corpo. O primeiro e único gesto, depois dele, só mais uma. O beijo. Quente, de quem ama e quem não é amado. Foi o êxtase, o melhor, o mais longo, o mais delongo e enrolado. Toda via o mais esperado. Não queria o fim. Sabia que seria o fim. Temia e chegou. Abrimos os olhos. Ele sorriu, eu sangrei. Sabia que era só mais um beijo, o primeiro, o ultimo e sim, o mais. Ele se foi. Nunca mais o ‘oi’, o ‘querida’, muito menos o ‘está bem?’. De longe passara, quem sabe olhava. Mas entre olhos fugia. Lembrava-se do meu eu, da antes menina. Agora, lembrança, ou talvez nem isso, de apenas mais uma. Só mais uma.

Ana Siqueira - 18 de agosto de 2010

sábado, 14 de agosto de 2010

O rádio. A flor. Sem dor.

Amigos Gustavo Paiva e Anne Karoline
Fitas por: Anne Karoline, Gustavo Paiva e Ana Siqueira. 2009.
Música A Flor - Los Hermanos - Composição: Rodrigo Amarante/Marcelo Camelo

O rádio. A flor. Sem dor.

Eu a amava. Como ninguém jurava que poderia, nem mesmo eu. E ela me amará da mesma forma, achava. Era flô em dia de sol na primavera, era sereno na minha janela. Era amor.

Ouvi dizer, do o teu olhar ao ver a flor..." Inflamou-se.

Eu a sentia, e assim fiz. Tudo junto, tudo com ela, tudo pra ela. Ela. Era festa. Amigos, fuzuês e vodka. Riamos como calor de verão. Como hilariantes comédias de teatro de campanha. Como pão e circo. Sem perceber.

Não sei por que, achou ser de um outro rapaz. Foi capaz de se entregar” Fez sentido.

Os olhos não foram para mim. Menos o sorriso. Amor! Ah, dor! Amor doente. Finge não ver a névoa, fingi estar em paz, sorri e bebi.

“Eu fiz de tudo pra ganhar você pra mim, mas mesmo assim...” Foi suplício.

Sorri, elogiei, cantei, dancei, chorei. Entreguei tudo. A valsa não tinha o mesmo compasso. Os olhares tão menos o fogo. A boca já não tinha o mesmo tom. E o pulsar, esse já não pulsava por mim.

“Minha flor serviu pra que você, achasse alguém, um outro alguém que me tomou o seu amor. E eu fiz de tudo pra você perceber, que era eu...” Sangrei.

Retirou-se. Da vida, da canção, da festa, do meu amor. Do louco tolo que simples assim entregou-se. E agora? Que faço sem minha essência. Desonroso, fui, de não tentar. Despacho. Desfeito. Desabado.

“Tua flor me deu alguém pra amar. E quanto a mim?” Morri.

Sem mais ninguém. Sem mais alguém. Sem um talvez. Acompanhado de um nunca mais.

“Você assim e eu, por final sem meu lugar. E eu tive tudo sem saber quem era eu...” Tentei.

Tentei alguém. Um novo aroma. Uma nova fruta. Sem temer. Enfim.

“Eu que nunca amei a ninguém” Desisti.

Acabou-se a música. Chegou ao fim o amor, que fez de tudo pra não rimar com ‘im’. Restaram flores, coroa, velas e dores. A saudade, e que saudade.

“Pude, então, enfim, amar...vai...”

Não com ela, mas sempre dela.

Ana Siqueira - 14 de agosto de 2010

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

E de um vento da zona norte;

Só;


Voltando do serviço, eu observava as pessoas ao meu redor, coisa não muito comum. Percebi o quão orgulhosa sou. Porque não olhei pro lado? Ninguém reparou que estava ali. Nenhum olhar penetrou. Conseqüentemente, casais. Apaixonados, brigados, enamorados, enfim casais. Olhei para minha mão direita, só via uma pasta preta, forrada de folhas, olhei para a esquerda, meu celular. Deus. A idade já não era a mesma e me percebi ali, no meio do centro, sozinha. Sentei-me. Naquele banco fiquei horas, dias, anos. Pensando ou morrendo? Sou sozinha. Porque não olhei pro jornaleiro da esquina? Ou pro conhecido da minha tia? Deus! O amor da minha vida, a minha paixão de adolescente. Será que era ele? O garoto que eu não dei a chance. As flores que eu recusei, o tapa que eu dei. A traição que não perdoei. Não creio. E o convite pra jantar? A música que eu não quis ouvir. E o sim que rejeitei. Só, e somente só. Posso achar ele em outra esquina. Ou ela em uma boate. Mas será que ele iria conseguir ser o senhor do meu tempo, como aquele rapaz da caixa de bombom? Passou, só, e somente só. Vou reparar. Achar o telefone. Olhar “pro homi”. Pedir o perdão. Molhar o calção. Achar o ladrão. Enfim, viver com meu coração. Encher o sim, dispensar o não.

Ana Siqueira - 13 de agosto de 2010 - Sexta-feira.

sábado, 7 de agosto de 2010

Dorme comigo?


Estávamos eu e meu namorado voltando de um passeio com os amigos. Falamos sobre a vida alheia dos outros e os furos da semana. Bebemos, comemos e... Bebemos novamente. Estávamos rindo ali. Esquecendo-nos da vida.
Era tarde, cada qual em seu respectivo veiculo, como não bebia, dirigi e alguns foram com a gente. Após o tour pela cidade, chegamos na frente do apartamento dele. O beijo era pra ser de despedida, mas virou beijo longo, beijo de amor, beijo quente, beijo e virou fogo. Não pude evitar, subimos.
No quarto, todo de fogo tirou a blusa, e ali seria a primeira vez; mas disse:
- Dorme comigo esta noite?
- Como assim, dorme?
- É, deita do meu lado, ouve meu coração. Pra que minha carne, seja audacioso, queira minha alma. Sorri.
- Só minha namorada pra querer uma coisa dessas. Decepcionado.
- Dorme comigo? Vou te esperar - Deitei do lado direito, olhando para ele, que estava de costas sentado na parte oposta da cama.
Alguns minutos depois ele se rende, se deita, nos cobre com o edredom quente e só me questiona porque daquela situação. Eu só conseguia dizer que estar ali olhando pra ele, sentindo ele, quente como ele, era a minha sensação de êxtase. Era meu ápice. O que eu queria para provar, que eu não quero seu corpo porque o corpo se vai, que eu não quero nada mais além dele, do meu lado, pra sempre. E assim, sorrindo, nos entregamos a uma noite que não foi de prazer, mas foi. Um prazer que nem o sexo propriamente dito nos proporcionaria. Acordei abraçada com o amor, que me segurava do vento. Hoje ele tinha não mais meu coração, mas minha alma nas mãos.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Nevotografia; do verbo amar.


De um vento do Norte...

Nevotografia; do verbo amar

Havia nevado a noite toda, o frio da madrugada só não nos despertará por causa do aconchego dos corpos e cobertores. Era a primeira noite de inverno na Inglaterra. Nossa primeira noite de inverno. Ao amanhecer, ou quase ao entardecer, o sol manhoso entrou pela janela dizendo que era hora de levantar para mais um dia. Ao perceber um toque ‘esbranquiçado’ na janela, me aproximei para tentar distinguir o que seria. Então eu vi, vi pela primeira vez o sonho de grande parte dos homens. A neve havia chegado ao norte. Corri para nossa cama, onde aquele que jurou, estava mais relaxado que tudo. Ocupara ela toda. Sentei-me ao seu lado, e com leves toques o despertei dizendo sobre a chegada da visita. Foi instantâneo, num instante pijama e cobertor, no outro casaco, meia e luvas. Estávamos prontos para nossa grande aventura. Nos lançamos. Houve guerras, bonecos e anjos na brincadeira. E por fim aquele abraço, que esquentou não nossos corpos calejados de frio, mas sim a alma. Põe-se em direção a casa e voltou. Temos que registrar e quantos foram. Mas aquela, a mais especial. Olhamos para a lente, abrimos um sorriso. A mais linda foi a mais esquisita. Olhos lacrimejantes, narizes feito renas, caras de ‘mãe, não me acorda’, agasalhados para o clima e ainda sim aquela luz, o sorriso; tudo ficou ali pra sempre, imóvel, irreal, registrado.

A foto virou o continente, chegou à família, ao amigo, a tia e até mesmo ao cachorro, que de tempos não ver, restou a lembrança do latido abafada. A saudade era clichê, como a frase atrás do registro enviado em mãos pelo correio:

- Inglaterra, inverno de 2010.

Oi guris da tia, como estão, mandei pra contar,

a neve é muito linda, branca e gelada como

dizem. Amamos muito vocês, estamos com saudades.

Nos veremos em breve. Um beijo e um abraço.


-- Ana Siqueira – 29 de julho de 2010


domingo, 11 de julho de 2010

Chegou?

De um vento vindo do norte.


Os minutos contavam, eu estava ali. Sentada, inquieta e tensa. Eu olhava o relógio, se passavam duas horas, e ele não havia mudado seus ponteiros. Não havia mais incerteza, medo e até mesmo unhas. Só os minutos. Só o pulso. Só o coração. É ele? Não. E agora? Não. Meu Deus, que espera.

Chegou! Sim, ele mesmo. Olhou-me cabisbaixo, e abriu um leve sorriso. Pus-me na sua frente, inquieta, de meio riso. Pausa. Nos olhamos nos olhos. Pausa. Ele sorriu. Eu fiquei azul. Nos abraçamos, e ali ficamos, horas paradas no relógios, por instantes infinitos e sentimentos incabíveis no gesto. Sem nos soltar caminhamos, rindo, falando, talvez até mesmo amando. Mas ali juntos, de braços entrelaçados, como a liga do aço. E ali, se não amizade, um amor eterno floresceu, a cada passo as certezas, de um abraço que concretiza o sentimento, que havia florido.

Ana Siqueira - 11 de julho de 2010

sábado, 10 de julho de 2010

Entregaram;

Amigos Gustavo Paiva e Anne Karoline
Fitas por: Anne Karoline, Gustavo Paiva e Ana Siqueira. 2009.

Entregaram-me de presente ao amor. Foi lindo como ela me pegou, e me aproximou do rosto, num movimento simples e certeiro. Sentiu meu perfume e se pôs a ter um sorriso extremamente cativante. Ele, quando me entregou, ficou pasmo, rubro, sem feição. Não sabia o que fazer muito menos falar. Foram instantes de doçura, de amor verdadeiro, que ambos não podiam explicar, e tudo por minha causa? Eu não entendo como eu, vinda da semente que ninguém dava valor, depois de crescer, pode deixar um casal em tão estado de flutuação. O pior não é isso, a parte em que eles se aproximaram e encostaram uma parte úmida de seus rostos uma na outra, num movimento perfeito, onde pareciam se encaixar perfeitamente, num sincronismo sem igual. Eu estive entre os dois o tempo todo. Os batuques do coração eram tão fortes que quase me deixaram surda. E me apertavam, apertavam forte no peito. Quando se distanciaram de novo e pude respirar, uma das minhas pequenas caiu. Só não me entristeci porque a moça de cabelo encaracolado e de sorriso estonteante concluiu: - Foi o presente mais bonito que já você podia ter me dado.


Ana Siqueira - 10 de julho de 2010

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Pipoca?

Nine

(Nine, 2009)
• Direção: Rob Marshall
• Roteiro: Michael Tolkin (roteiro), Anthony Minghella (roteiro), Arthur Kopit (musical), Maury Yeston (musical), Mario Fratti (musical original em italiano)
• Gênero: Drama
• Origem: Estados Unidos
• Duração: 112 minutos
• Tipo: Longa-metragem

• Sinopse: Paixão, fantasia, desejo, amor, arte, estilo, desilusões, sonhos – a vida sempre foi um grande circo para o cineasta de renome internacional da década de 60, Guido Contini... até que ele se torna a sua própria vítima.

Pipoca?

CHICAGO - Se você não conseguir a fama, seja infame.

• Direção: Rob Marshall
• Roteiro: Maurine Dallas Watkins (peça teatral), Bob Fosse (livro), Fred Ebb (livro), Bill Condon (roteiro)
• Gênero: Musical
• Origem: Canadá/Estados Unidos
• Duração: 113 minutos
• Tipo: Longa-metragem

• Sinopse: Os destinos de Roxie Hart, uma sonhadora cantora que busca a fama dos palcos da Broadway, e Velma Kelly, que já fora famosa, se cruzam na prisão de Chicago. Roxie, que matou o amante após o abandono, e Velma, que matou o marido e a irmã, tentam chamar a atenção da imprensa, para voltar aos holofotes da Broadway, através do bem sucedido e esperto advogado Billy Flynn. Um musical cheio de vingança, amor, fantasia e dança. Vencedor de 6 Oscar, incluindo Melhor Filme.

sexta-feira, 28 de maio de 2010


Devemos ter coragem de olhar nos olhos de quem nos traí, e dizer tudo o que sentimos. Esses deveriam ser descobertos, e separados. Traidores não são dignos de titulos como amigos ou irmãos, estes devem se retirar de nossa presença e não nos dirigir a palavra.

- Eu te apunhalarei uma adaga nas costas, para teu pesadelo pulsar pelo peito! Maldito!

sábado, 8 de maio de 2010

Jardineiro

Seu Jardineiro, não vai esquecer de mim? Vai me visitar todos os dias, fazer carinho na minha terra, tirar minhas folhinhas velhas, me aguar?
Me promete senhor Jardineiro? Que todo dia vai acordar cedinho pra me dizer "Bom dia minha flor"? E quando chegar a noitinha, vai montar uma barraca do meu lado, pra me admirar enquanto eu durmo? Que quando eu estiver murcha, fazer chover alegria nos meus pés, para eu dar ao senhor as mais belas flores?
Promete nunca se desfazer de mim, mesmo quando eu estiver velhinha, não dando sementes, promete que vou ser sempre sua flor? só sua?
Cuida de mim? Mesmo quando meus espinhos te machucarem? Juro que sempre sem querer, é natural ter dias ruins.
Porque eu prometo Senhor Jardineiro, te alegrar todos os dias minhas cores radiantes, usar meus espinhos para espantar os insetos, encher seu coração com meu perfume. Te prometo a cada dia te fazer querer viver mais intensamente que o outro, te dar a esperança de que vou abrir minhas pétalas e me entregar para ser somente sua. Desde minha raíz até o meu último grão de pólem.
E no fim, Ah! o fim. Te peço que me aperte forte no peito, e me diga o quando foi bom estar ao seu lado senhor jardineiro, porque eu não vou te dizer nesse dia, farei questão de falar-te todos os dias até esse fim, o quanto eu amo e sempre amei ser somente sua, senhor Jardineiro.

Lento.

Enfim sós. Foi isso que eu ouvi após ele trancar a porta do quarto do hotel. Era muito lindo, dava para ver a lua, as nuvens e até mesmo ouvir o vento zunindo e o som das ondas quebrando longe na praia. Ele me olhava nos olhos com aquele ar de desejo incabiveis no peito. Sai, olhando por meio olho, para tirar meu vestido. As lembranças das palavras do padre ainda estavam vivas na memória e minha alegria de ter dito sim, também era imensa. Coloquei aquela camisola, que escolhemos antes do casamento, e pensei que a essa altura do campeonato esse estaria lá, esticado e nu em cima do edredon branco como podia se esperar de um homem, mas não, ele estava encostado do lado da porta do banheiro, sem paletó, com a camisa semi aberta, acariciando uma rosa que estava em uma de suas mãos com a outra. Quando me viu destracando a porta e a abrindo, acho que nossos corações dispararam, seus olhos estavam com um brilho dessa vez carinhoso. Me pegou pela mão, me levou até o centro do quarto, me deu a rosa e me abraçou, e começamos a dançar no ritmo da nossa canção; nossa respiração, o batimento cardiaco. Dançamos sem música. Eu me afastei, e disse que aquele era o dia mais feliz da minha vida, que a partir dele eu seria dele, somente dele e sempre dele. Ele sorriu, e aos poucos aquele desejo voltava, lentamente; Ele me beijou, agora como sua mulher. Suas caricias iam descendo por todo meu corpo, me enfraquejavam, me tiravam de mim. Me sentia mulher amada. Seus beijos já tinham desejo de mais e mais e mais atração, mais contato. Ele ergueu a mão pelas minhas costas, onde ficava o laço da minha camisola como um raio. Eu dizia sempre: - Mais lento; e ao mesmo tempo, ia abrindo botão a botão de sua camisa. Começos a caminhar, sempre lentos, caimos na cama, e depois de um tempo, quando já sentiamos o calor todo um do outro, senti uma dor, que não podia ser chamada de dor. Era um misto de sentimentos, que me deixou enfurecida de amor para com ele. Após uma noite fulminante de paixão, durmimos em conchinha, quando acordamos, dizia a ele que tinha sido ótimo durmir do lado de alguém que tinha escolhido, me corrigindo ele disse que ante de durmir ao lado de alguem que se ama, o melhor é ACORDAR, ao lado da pessoa que ele escolheu para toda a sua vida. Nos olhamos, nos beijamos. Lentamente.

Cartas. Bem. Felicidade.

Eu não sei o que havia acontecido conosco. Éramos um casal jovem e cheio de euforia. Beijos e caricias todas as noites. Amor infinito e imprescindível sempre. Agora?! Ás vezes repara. Nem sempre está ‘disposto’. Cansei. Decidi-me. Hoje eu ia por um fim nessa história. Ia por na mesa, todas as cartas sem nenhuma piedade, ia ‘bater’ esse jogo e acabar de uma vez com isso.

Esperar, esperar. Parecia que o tempo queria adiar essa conversa, me aparentava que o tempo tentava me impedir de falar com ele sobre tudo o que eu estava cansada nessa maldita relação.

Faltava apenas cinco minutos, que por sinal foram os mais longos da minha curta vida vivida até agora. Estava cansada, a raiva aumentava ainda mais, a injuria, o sentimento de rejeição. Pensava em cada palavra miserável que ia dizer. Começou a chover. Os raios furiosos caiam para abrilhantar a noite que estava tão escura quanto meus pensamentos naquele dia. Pronto. Agora o atraso dele é iminente. Queria que ele apenas voltasse a ser aquele rapaz que era quando começamos a namorar, realmente ele mudou, para meu sofrimento, para pior.

Fiz um minuto de silêncio, querendo chorar, ouvi um som de um carro entrando na garagem. Era ele, com aquele sorriso que me enganou, aquela boca que me cativou, aquele andar que fez sonhar.

Minha raiva tomou meu corpo, de frente para a porta, uma lágrima minha escorreu pelo meu rosto. A chave virou-se dentro da maçaneta, o barulho do destrancar parecia uma sentença, aquele martelo havia caído. Meus sentimentos se esgotaram. Ele abriu a porta e entrou me dando um boa noite que foi correspondido apenas com um porque. Ele ficou confuso, queria entender a indagação. Quando me virou as costas, soou uma palavra da minha boca que era simplesmente escrota. Ele se virou e indagou o porquê de eu estar daquela maneira. Eu arregacei minhas mangas e tirei delas aquelas cartas, sim aquelas, que a gente sempre guarda pro bem de ambas as partes sabe?! E o meu sentimento foi o de que o mundo caiu no chão, ele ficou paralisado apenas ouvindo em silêncio com um olhar que me dizia apenas ‘raiva’.

Ele então, também tinha cartas no paletó, e as colocou no jogo. Minhas cartas derrotavam as dele, e vice-versa, num jogo que parecia que não ia ter um fim logo. O volume da voz, os gestos todos aumentavam a cada instante. A agressividade entre nós estava prestes a partir pro corporal. Foi então que numa fúria sem controle, fui para cima dele. Um tapa. Silêncio. Ambos estávamos ofegantes, parados, um olhando sem parar para o outro. Eu não queria saber. Os sentimentos de acabar com aquele maldito foram maiores. Voltei pra cima dele. Indagando sempre ‘por quê?’, ‘por quê?’; estapeando seu peitoral que antes me deu tanto prazer. Com sua força de homem segurou meus pulsos e também me questionava aos berros para que todo esse ataque. Sem forças, eu dizia que queria ser de uma única pessoa na vida, e que eu decidi ser dele, apenas dele e como ele me tinha me retribuído. O amor acabou. O fogo apagou. Depois eu só dizia: - Maldito! Porque você fez isso comigo?!

Então parecendo literalmente um animal selvagem, sem pena, meus braços e pernas foram novamente tomados por um espírito maligno. Meus olhos queimavam de raiva. Ele querendo se esquivar sem sucesso. Levou-me para perto de uma parede, me prendendo sem escapatória por cima de si. Ofegando, como se tivesse acabado se afogar nesse mar de raiva, com palavras pausadas e sem muito tom disse que não sabia o porquê, ele não tirava os olhos do meu corpo, eu presa, não conseguia sair.

Nós nos olhávamos sem cessar ambos eufóricos com aqueles olhos com desejo de carne. Eu não me conti, a tristeza tirou a raiva do meu sangue num passar de segundos no relógio. Caímos. Eu em cima dele aos prantos, ele desacreditado me disse com palavras ainda ofegantes em meu ouvido:

- Eu nessa vida nunca tive e nunca terei alguém como você. E se nesse tempo, se não fui aquele namorado cheio de fogo, foi porque esqueci de viver para a minha vida, esqueci de viver para meu único motivo de viver, esqueci de viver para a mais linda pessoa, esqueci de viver para você meu amor. Eu não gosto de mulher, amo apenas você. Perdoa-me, eu te amo infinitamente.

Eu não sabia o que dizer. Muda, minha boca fez por mim, a resposta que ele queria ouvir, ou melhor, entender. Aquele foi o beijo indescritível. Aos poucos me ergueu na parede, ainda presa entre suas pernas. Só a respiração muito forte era um sinal de que ainda estávamos vivos. Já eram duas da madrugada quando entre tropeços e caricias fomos ao quarto, onde antes eu tinha planejado aquelas palavras horríveis, e agora, com aquele ranger de dentes e sensações excitantes nos entregamos literalmente de corpo e alma um ao outro, numa noite que passava vagarosamente. Mãos se entrelaçando, um corpo adentrando as entranhas do outro, se tornando uma só carne. Saciando a fome como hienas. Era animal, sentimental. Era bom. Aos poucos a euforia foi cessando. Os carinhos mais lentos, os beijos mais longos. Nos dois, um de frente para o outro trocando palavras nos intervalos de beijos e mordidas. Trocando juras de amor, promessas, planos para um futuro que talvez não fosse nada distante.

Amanhecemos em conchinha, foi a noite de amor mais explicita. Onde o amor entre ele e eu ficou cravado em nós dois. Desde aquele dia nunca mais deixamos de ser um casal apaixonado.

Algum tempo depois o selo dessa paixão chegou pelo meu e-mail. Uma confirmação. Faltavam àqueles mesmos cinco minutos daquele dia, que embora tenha seu lado ruim, teve seu lado maravilhoso. O tempo ainda não passava, a mesma chuva caiu, e em vês de paus e pedras nas mãos como na ultima vez, uma folha de papel letrada. Aquele barulho do carro entrando na garagem, os passos dele se aproximando da porta, a chave entrando na fechadura, o destrancar. Eu fiquei em frente da porta, como na ultima vez, com um largo sorriso no rosto. Ele entrou olhou para mim, jogou sua maleta no sofá e me deu um beijo cheio de amor colocando suas mãos nas minhas costas. Eu peguei suas mãos desci até minha barriga e olhei em seus olhos e disse com o maior sentimento de felicidade:

-Agora sim, nossa Família, está realmente formada.

Ele sorriu e escorreu uma lágrima de seus olhos, desceu até que seu rosto ficasse na altura me minha barriga, ficou por minutos admirando e acariciando-a. E disse que seu herdeiro ou herdeira, seria a criança mais feliz do mundo, e que ele não iria dividir a felicidade que tinha com sua mãe com ele, e sim multiplicar, para ser muito maior o amor dele pelos dois. Com um beijo mais apaixonado que o daquela noite ele suspirou e disse que era pai e esposo sim, mas antes que era o homem mais feliz desse mundo. 08/12/2008

Asfixiado


Ligou e disse para visitá-lo. Tomei meu banho e talvez inconscientemente ou acidentalmente tinha colocado a ligirie vermelha que tinha na gaveta. Quando cheguei estava só, e assim iria ficar durante aquela semana toda.

O programa romântico estava lindo. Parecíamos recém casados, o que realmente nem estava perto do real, era só mais um caso para ambos. O filme estava rodando na tevê e os minutos no relógio. Acho que cochilei entre suas pernas e braços quentes né acariciando naquele fim de tarde gelado.

Quando nos deparamos, o filme havia terminado; foi inevitável. Aqueles sorrisos seguiram-se de beijos que tomaram conta de nós. E ali naquele sofá sentimos o que nunca foi tão forte naqueles últimos dois meses. Ele saiu. Fiquei no sofá, martelando coisas na cabeça e sou interrompida por distorções de guitarras e baterias, era música, era fetiche.

Quando voltamos a ficar juntos no sofá, o ventilador não dava conta; carinhos, beijos e mãos estavam tão quentes a ponto de sair faíscas, estávamos indo para um caminho sem volta, e esse nos levaria ao quarto.

Eu não entendia o que ele dizia, mas sua intenção era que levantássemos no entanto não conseguíamos, estávamos entre laçados de tal forma que seria impossível nos soltarmos.

Rolamos para o chão. Com muito custo nos levantamos, entre tropeços e desequilíbrios, pressões na parede e palavras que saiam meio abafadas chegamos ao quarto. Lá os acordes graves ensurdeciam, mas não importava, o tal calor nos consumiu.

Mãos, pernas, bocas separados por peças de roupa, ele tirou a camisa e abriu os botões da minha, quando estávamos ali agora vendo o peito do outro pulsar, voltamos a nos engalfinhar loucamente, interrompidos por um:

- Espera!

Eu não consegui evitar, foi mais forte do que eu. Quando paramos de nos beijar ele se sentou do meu lado, me fazendo caricias, compreendeu. Ficamos ali sentados, abraçados, por horas.

Pensei em chorar, mas o orgulho é mais forte; me soltei e sentei na beira da cama, ele fez o mesmo, eu vi nos olhos dele um sentimento de tristeza, mas eu sabia que aquela não deveria ser minha hora. Eu disse que estava tarde e deveria ir. Ele me ofereceu companhia, eu rejeitei, queria caminhar sozinha, talvez refletir.

Quando sai de sua casa, ao ouvir o barulho da porta batendo, estalei os olhos, e vi que estava em meu quarto, abraçando aquele ursinho de pelúcia que ele havia me dado. Quando reparo, ele está na porta, me observando com um largo sorriso, fico revoltada, afinal, estava não apresentável, ele diz que é tolice e me faz um convite para assistir um filme em sua casa. 04/05/2010.