segunda-feira, 26 de dezembro de 2011


Pólo.
 

Seria fácil, se, ao atravessar a rua, eu te trombasse e nós abrissemos um sorriso e assim brotasse um carinho. Seria fácil, se o cinema fosse bem ali na esquina da nossa rua, e de mãos dadas, pudessemos comprar os bilhetes da sessão mais próxima, e perdessemos horas e dinheiro, trocando mimos e beijos durante o filme. Seria fácil se apaixonar, se durante a corrida diária da vida, você me ofertasse seu lugar no onibus, e despertasse um brilho nos meus olhos. Seria fácil com promessas e presentes, uma rosa, um chocolate, frente a frente. Não quero. Foi fácil, olhares indiretos a milhas daqui. Foi inevitável a descoberta do pulsar dentro de cada gesto inconciente. Foi inacreditável a contrariedade dos fatos. Não foi, e não é fácil. É dificil controlar o, não é ciúme, ah, você sabe. É dificil não sangrar, é dificil, não querer. É querer ser fácil, é querer e nunca desistir. É te vestir de polo e eu de vestido. É despir a lonjura e cobrir o mar. É, a propósito, o oposto do que deveria de ser, mas amo. Aí, o sorriso, o carinho, o cinema, o beijo e o mimo se torna próximo, e vive, mesmo que estranhamente, no lado, aquele lado especial, que ri ao pensar que não. E esse, não tem nexo e nem pressa, é só aguardo.
 
26 de dezembro, 2011.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

 Pedaços; 

e eu quero como nunca quis. e eu penso como nunca imaginei. eu sinto algo que toda noite encobre meus sonhos. e eu imagino todos os dias como é teu sorriso dizendo que não se pode mais ficar sem. e eu choro de pensar que teu amor passa a cada dia. e eu sangro de não provar de você todo dia. e eu espero que a espera de esperar acabe. e eu quero que você não me jogue das suas mãos. e eu sangro mais uma noite, de dor e de amor e espero ansiosa, apaixonada e até o louca, o encontro acontecer.
  
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 O amor, não te vê pelas suas roupas, ou teus perfumes. O amor não te vê pelo teu modo de viver. O amor não vê teu sexo, tua forma. O amor não percebe o quanto um pode estar longe do outro. O amor nasce e vive, intenso e doloroso. O amor nasce, e se nasce, é para sempre.

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Cantar meu amor, me acaba o ar.
Ah amor, que ares que vives pra eu te querer?

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Um dia te descobrem bela menina. Não chores em vão, não chores por amor, muito menos pela dor. Resista e insista flor. Não penses que és sozinha no mundo, pode ser que o seu, não esteja ao teu lado, pode ser que esteja fazendo companhia a outra pessoa, mas é teu por direito. Está cravado na prosa e no verso, que um dia, e tenho dito, um dia te descobrem formosa, como lírio branco de jardim. E o que te disse suja, te verá linda. Vai te ver como sonho, distante sonho, e adiante a distância. Vai urrar e gritar, acredite. Tentarei. Vive a vida pequena, vive e respira. Siga o caminho, a correnteza. Abre o seu sorriso, e ilumina quem ainda não te viu.

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 Quer dividir uma xícara comigo? É de simples afeto e de grande gosto. Café requentado tem histórias de ontem. Tem história. Café na xícara para dois, providencio já toda manhã, mas é requentado. É de amor e é forte. É de requentar a alma toda noite. Se acabares é só frescura. Porque se colocar água e pó, e requentar, tens café para todo café. Quanto açúcar quer? Uma ou duas pitadas? Cuidado pra não melar. Não queres? nem um gole? nem meia xícara? Se eu requento meu café, é meu problema, se não quiseres, faça o teu, fresco.

 

 


segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

     Quebra.



    Ela grita e o que parece apelo, é nada mais que um belo sorriso, parece, só parece. Dói. Ela chora ali no canto, e não há nada que afague a ferida. É uma ferida inconstante que resolve sangrar quando menos espera. Ela sofre, inflama. Nem abraço e nem reza muito menos terraço. A criança está confusa e com medo, quer ser adulta. Não é amor, só amor. Quebra o que é intocavel, desencana e descasca a sua maturidade se derrubando feito feto. Soa como desabafo, mas esses, mentirosos. Olha de olhos fechados para pessoas que não a querem bem, e se querem, quem quer? Ela se vende, vende mesmo, ao menor valor de uma atenção e a cabeça? Parte. Não vê, não viu, não veja! A menina esta perdida em meios alternativos e sem nexos, não se acha. Porque chora? Chora muito, vê? Desponta a conta do bar e bebe leite. Ela quer te contar o fiel segredo, me disse, mas tem medo; sonha, flutua e pousa, na cama, nos pensamentos e nisso. Me contou essa história, mas, isso não é história. É suspiro, é causa e constante, e tornou-se exato. Voltou pra cama a menina de olhos marejados, e varou noite, pensando no terno e turno. Quebrou em mais pedaços o que não entende e arriou a cabeça.
   Está frio, feche a janela. 
12 de dezembro de 2011

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Desabafo II


              Eu me sinto estranha. É uma vida cheia de dar sem poder receber, não é recíproco, é vida, triste. É molhar-se sem ter porque, por quem. Molhar-se não só de lágrima, de chuva. Esquecer-se mas não o dele. Vida tragada, sem fim. Desabafo descatado, sem nexo. Um apelo sem meio e começo. Amor em meios, terços e quartos. Entre dois e em quatro, largada, sem valor. Calor ácido, com ar de mestre, bruta. Sem valor e valores no vaso. De ponta cabeça aos pés da cabeceira. Já não basta uma, se quer a maciera toda. Ofusca os vidros com rabiscos de grafite e escreve no livro luxúria barata. Dor e desamor. Amou, como nunca, e desarmou, como sempre. Alma em desapego e vida em reclusão sem tamanha desproporção. Amor diferente, vidente e vivente. Sentimento puto e caro, em jogo, sonolento e presunçoso. Presumo mistura de indução sem ter imagem ligada a quem, um sexo um a um. Um terno e uma nota, não de canto mas no canto, grito pago. Coisa pouca mas suficiente. Vive a vida de amor e satisfação, triste e desarmada, desalmada, destelhada, destrinchada e encravada.

24 de outubro de 2011.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Sabe essa coisa de laços de sangue?

Espero o dia que vem
Pra ver se te vejo
E faço o tempo esperar como esperei
A eternidade se passar nos dois segundos sem você
Agora eu já nem sei
Se hoje foi anteontem
Me perdi lembrando o teu olhar
O meu futuro é esperar pelo presente de fazer
O tempo engatinhar
Do jeito que eu sempre quis
Distante é devagar
Perto passa bem depressa assim
O tempo - Movéis coloniais de Acajú.



E ao pensar no quanto ele é o cara mais foda que eu conheço, eu choro. Sinto saudade da briga, do ciúme e do riso por motivos idiotas. Tenho bronca de lembrar que essa vida de adulto cada dia mais nos separa. Eu sei que essa é a vida que devemos levar, mas custava demorar a passar? É uma saudade da convivência e do amor. É saudade de irmãos que tem saudade. Pois é Francisco, ninguém mandou a gente crescer! 
Saudade cara!

domingo, 21 de agosto de 2011


Eu não sei até onde vai, e até quando vai, mas é intenso agora. E eu vivo agora.

Por;


Seria um daqueles romances que se tornaria poesia, logo depois um livro, um filme e uma novela mal feita de fato. Cheio dos clichês que um amor insiste em ter. Não começou na infância, mas foi como brincadeira. Um amor que ao anoitecer e se estendiam madrugada a fora, era verdadeiro. Sentia que ele era o que fazia sua vida ir para frente; se estudava e não desistia, era por amor. Se ele não se cansava da música era porque sabia que mais tarde, ela o ouviria, mesmo que de longe, sua voz e que ela iria dizer o quanto ele era lindo, era dela. Era um amor entre pregos e farpas, mensagens indiretas ou tão diretas quanto um olhar. Era a vida de ambos na palma da mão de cada um. Ela queria descrever em uma história como essa, o amor dela, mas não cabia em palavras, em rimas aquilo tudo. Ele, sangue frio, por mais que amasse tão quão mais, tentava ser racional. E aos poucos se via que aumentava a paixão e à medida que aumentava só músicas e toques já não eram suficientes para seguir adiante. Ela ia se contorcendo noites a fora, de dor de amor. Tinha um fim incerto, e essa incerteza, os afastava e isso a enfurecia, queria de todas as formas fugir do seu destino, para o seu destino. Enlouqueceu, fugiu. Na rua, via as moças, dinheiro fácil. Chorou como nunca e talvez também, amou como nunca. A única foto no peito, olhou e jurou amor. Rasgou a calça e a blusa, e parou. Tremendo, esperou, ate que depois da parada de um carro e de alguns minutos de prosa, entrasse. As mãos do homem percorriam seu corpo, e da sua boca saiam coisas grotescas. A vontade de correr, de regurgitar todas as falas dele, estavam presas no estomago. Tinha nojo e aflição, e isso estampava no seu rosto. Percebendo que se tratava de uma pessoa pura, o infeliz dizia que trataria de recompensá-la pelo feito.  Um quarto de esquina, barato, que cheirava banheiro e cevada foi o local; uma cama velha e uma noite toda. Uma noite longa de dor, de calor, de tudo, menos de amor. Força. Já se via o sol e ele hibernava enquanto, ela, sem roupa, despida, humilhada, ao lado, choramingando baixinho, sofrendo baixinho, amando mais do que nunca. Ao acordar, com um insulto só, o ogro arremessou sobre seu corpo muitas notas, dizendo que tinha sido a pior noite da vida dele e que só não foi desperdício pelo fato dele ter sido o primeiro, e completou dizendo: - O primeiro de muitos, vadia; e saiu. Ela juntou as notas, colocou na bolsa, e se olhou no espelho, ficou horas assim, se olhando, sentindo nojo de si mesma, mas refletiu, que era por amor, tomou banho. Dali para a casa de uma amiga, trocou de roupa, e partiu para a estrada, com dinheiro contado. Foram as horas mais solitárias e felizes de sua vida. Chegou, e o viu. Foram minutos de silêncio, mas sobretudo, de amor. O choro, o misto, o contato. E daqueles olhos jorraram água, dias e noites, era amor. E depois um beijo, um único. Foi uma noite então sim de amor. Havia se vendido por amor ao amor, e aí sua recompensa. E não foram mais que algumas horas, comparado a vida que ela queria ter ao lado dele. Era despedida. Era fim do conto. Ela não queria dizer adeus, mas a vida assim queria. Ele segurou a forte no peito, despido, e a amou como nunca e não queria a deixar partir, mas a puxou. E cada um voltou pra sua realidade à distância. E cada um amou o outro pro resto das suas vidas, ele, sentia todos os dias o perfume dela na camisa de botão xadrez que ele usara no encontro, e ela? Ela carregou para sempre na alma, o preço do amor, e nunca mais amou ninguém. 

Ana Siqueira - 21 de agosto de 2011;

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Ah que tempos que não escrevo. 
Talvez seja por falta das palavras,
 ou talvez por ter muitas delas, 
mas aí está mais um, 
que é de amor, 
e que mostra um amor 
que não é tão clichê.

Não costumo escrever para as pessoas, e sim, sobre elas, mas esse é diferente, é de presente, como o amor, com amor (:

Uma chuva e um amor, por favor?


Não queria como todo casal um sol resplandecente, ou uma noite quente. Não queria um amor de vidas inteiras. Era simples e o mais sincero; fervoroso, mas não quente. Era uma alma inteira dentro de cada gota que caía sem pensar nas consequências. Era sonho. Talvez não fosse eterno, mas era presente. Era amor e chuva. Enquanto alguns queriam a noite para batizar o sentimentos, os dois desejavam nuvens. Talvez por que elas levariam os desejos para o céu e aí seriam atendidos, ou então só pelo clima agradável. Era um quarto, uma persiana, uma cama mal arrumada, e o casal, dividindo o colchão estreito, uma alma toda. Era um amor diferente, que só eles entendiam. Era amor próprio. Ele sobre o colchão e ela sobre ele, como um só. Ouvia-se o som da chuva e da respiração. O carinho e a paixão, e a incerteza de uma prévia de razão. Não existia amanha. Ela sonhava. Ele ria e cochichava. Por horas mãos passeavam pelo corpo, por outras, enfim. Era cheiro, toque, essência e dor. Era único. Era diferente. Olhando entre olhos, via-se alegrias e planos e risos seguidos dos planos. Chuva, porque chuva ? Porque a chuva se aproximava dos sonhos deles, e os carregava pro mundo, e pra todos saberem da história. Não queria sol pra derreter, muito menos noite para apagar, queria chuva e ali, virava sinônimo de amar. A tarde nublada e fria, era a mais quente e ensolarada para alma deles. Era falta, era brincadeira, era amor, do jeito deles. Rabiscou no vidro embaçado da janela, o sinal. Foi choro e riso, dúvida do era. E era espera, da noite e do sol, e era!

Ana Siqueira - 9 de agosto de 2011.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Mesmo assim, só.


     Eu me sentei ao que pareceu uma beira de abismo, mas na verdade era só um deck. Se sentou ao meu lado e ali apreciamos o azul assumir aos poucos uma cor alaranjada. O sol estava imponente naquela tarde gelada. Ficamos perto um do outro, com as pernas para fora da plataforma, parecendo crianças que não alcançam os pés no chão daqueles bancos de praça. Ficamos ali talvez por dias, mas na realidade só alguns minutos e comentei, sobre a sensação de estar sozinha sempre. – Estou do seu lado, revogou. Mas insisti em dizer que estava sozinha. Ele ficou pasmado, e me levantou mesmo que a força, e me abraçou tão forte, como se pudesse talvez me machucar, e sua voz já ganhava um tom meio que de desespero, indagando como estaria sozinha se eu o sentia ali, pulsar na minha frente. Pus minha boca do lado do seu ouvido, e com uma voz doce de menina, disse, que naquele instante todo abraço não era suficiente para eu me sentir amada, mas que o abraço dele me fez existir. Brotou sorriso e lágrima, brotou amor e dor. O amarelo havia se tornado marinho, e o frio, garoa gelada. Me passou a mão no pescoço e o sorriso que me fazia rir permaneceu a 
volta toda. Me fez querida, me fez aconchegar, mas ainda sim, sozinha no mundo.

29 de junho de 2011

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Em primeiro lugar, quero desejar Feliz aniversário ao blogueiro/amigo/irmão Gustavo Paiva (http://contemporanizando.blogspot.com/) que hoje faz 19 anos! Homem maduro, gentil e sincero. Que você viva muitos anos encantando a todos se não com seus passos de balé com tua poesia meu grande melhor amigo, amo você, feliz aniversário (:

PS: o texto não tem ligações com ele ok? rs

Dose de rancor
Acendi um cigarro, coisa que não fazia há anos, me coloquei sentada no mesmo lugar de sempre na cozinha e onde, normalmente, eu colocaria a xícara de café, estava uma dose de whisky. No rádio, uma melodia que cantava palavras que descreviam minha história, ou o que restava da nossa história. Amantes insaciáveis. Foram juras de amor que não cabiam em palavras, gestos ou calores. Foram meses intensos que iam desde simples trocas de olhares a distância até noites tão próximas que chegavam a fundir a carne. Era amor, na teoria. O som muda como passos de um som que soava a bebedeira e longas noitadas. O jazz da moça que tinha a voz arrastada me arrastava para a quarta ou quinta dose do destilado. Não existiam mais lágrimas para implorar o amor ou sangue puro, já percorria em mim uma  concentração razoável de destilado. E as palavras das músicas soavam perfeitamente ao fim do conto de fadas. Eram versos clichês que fritavam meus olhos, e as ofensas a ele e toda sua geração. Era mista de remorso, paixão louca, ainda sim prefiro dizer que era amor, um pouco mais intenso, diga-se de passagem. E a cada copo, uma dose de rancor e mais bebida brotando no peito. Já não estava em mim, já não era dona dos meus atos. Levantei fui até a pia, ansiando, frustrada, olhei para a faca, e pensei em brincar com ela, com ares de louca, até vi meu sorriso refletido no aço, mas refleti e pensei que não valia à pena, não mais, talvez antes, mas naquele instante não, larguei e voltei para mesa. Mais uma dose, me lembrou do lugar da nossa primeira vez, mais outra da vez que eu o perdoei em seguida uma quente e lembrou-se do primeiro ‘eu te amo’ que ele pronunciou. Lembro que nesse instante o cd havia acabado, houve um grande silêncio. Zonza e desorientada ergui a cabeça, tirei o cabelo do rosto, e vi os últimos raios de sol bater no meu rosto. A única lágrima daquela tarde acabava de cair, e o último gole também. O copo iria cair da minha mão, fazendo com que os cacos de vidros e o malte se espalhassem no chão, uma pontada forte na cabeça indicava que a bebedeira havia passado dos meus limites, e a dor que continuou insuportável fez que com um reflexo sem coordenação eu derrubasse a garrafa bonita também. Lembro da imagem da janela que me trouxe tantos planos aos poucos escurecer e sentia meus braços escorregando pela mesa. Por mais que lutasse me vi caindo em direção a todos aqueles pedaços de vida que estavam no chão. Minha dose de rancor tirava aos poucos minha vida, iam penetrando e deixando todas as histórias, os cafés no chão de pinho, da que um dia ia ser nossa casa. Sentia uma dor insuportável, e uma vontade demoníaca de gritar por ajuda, mas era tarde, estava sem pulso, estava sem fala, sem coração, sem sangue e sem ar. Foi meu fim, foi assim que por amor, involuntariamente eu morri.

Ana Siqueira – 31 de maio de 2011  

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Um ano de blog!!!
Parabéns para vocês que lêem, a poesia livre agradece!
Muitissimo obrigada! (:



A estrela que escolhi não cumpriu com o que pedi, e hoje não há encontrei;
o teatro mágico - não há de ser nada.


Entre sonhos e luzes;

                E toda as vezes que a sua paz de espírito se dissipava,  ela subia no topo de sua casa para refletir, chorar ou até mesmo, em último caso, pensar. Era ali, que nasciam as mais belas e apaixonantes poesias, ou também os versos mais chorosos que ela fazia. Era de uma mochila pronta munida de lanterna, caderneta e caneta, um livro de Bandeira, sua máquina fotográfica e seu rádio de pilha que as noites se arrastavam no telhado da casa, nesses dias gelados, ainda acompanhava uma garrafa térmica com café. E mais uma briga constante consigo mesmo se travou naquela noite. O amor que tinha no seu coração deixara a pobre criança em estado de choque; assim não compreendida esperou. Quando o sono caiu sobre todos da casa, enrolou o cachecol vermelho xadrez no pescoço, e tratou logo de sair nas pontas dos pés, pos a escada e subiu. Geava, e a temperatura baixava a cada minuto. Sentou-se, jogou a mochila de lado, pegou uma manta e colocou sobre as pernas e ficou a olhar para o nada, talvez horas ou apenas minutos. Quando num piscar de olhos reparou o céu, e o viu como todas as estrelas do universo pararam para olha-la. Osfuracavam o brilho da noite, e pintaram todo aquele manto azul. E ela se pegava perguntando qual a mais brilhante, onde estava o cruzeiro ou as Marias, até que uma pequena e comum lhe chamou atenção e fechou teu sorriso. Era pequena e quase imperceptivél, sem brilho e forma, excluida de todas as outras, bem mais longe de todas as outras. Ali se passou tudo, a prosa dos olhares das duas foi intenso, foi a rima mais bem feita, a música com melhor harmonia e dizia, que tudo que te faz bem deve ser feito. Ela por instantes exitou, e deitou-se no telhado sentindo-se talvez ausente, ou talvez apenas com frio e teu instante de silêncio se cortou com um feiche de luz no céu. Sim, era uma estrela cadente, aquela amargura do peito, brotou o sorriso e a lágrima mais sincera. Assim, a estrelinha dizia, aceita teu coração, e outra caiu, vive o que ele manda. Chorando em prece, pediu a estrela fé e coragem, por que só isso bastava e lembrou do teu amor, despediu-se da aurora, e da última das estrelas que cairam, fechou a casa, a porta e a feição. Colocou sua roupa para dormir, deitou-se agarrou-se a pelúcia, e sorriu novamente, e lembrando da estrelinha que não caiu, que não se fez diferente ou mais especial que as outras disse em tom baixinho: - Meu amor? traz para mim. E mesmo sabendo que nunca mais ia revê-la, acreditou.

                                                   Brilha onde estiver, 
faz da lágrima o sangue que nos deixa de pé;

Ana Siqueira - 7 de maio de 2011

segunda-feira, 18 de abril de 2011

"ajoelho-me sob a luz do luar anoitado.
é tão imensa que chega do teu lado".
Mateus Chaves;


Verdade longínqua;  
Te vejo e invejo, toda noite.

       Era um dia normal, onde mais uma vez a dor me assoitava. Estava a beira do desespero e da sombra de um sonho que parecia longe de parecer real. O sol ainda era forte quando sentei-me embaixo de uma árvore,e ali, deslanchei saudades, amores, dores, calores; todos os quais eu queria entregar-te. Mas ela vinha, e quebrava meu coração. Pode ouvi-lo? ele pulsa em compassos tortos, em compassos sem compasso. A única margarida que estava ao meu alcance foi vitima do teu amor, e confirmação do bem te quero. Tudo era conspirava para o sim, ao menos o fato dela. Mais um livro com fim final feliz, mais uma dor. Ao cair da lua, sai correndo, e quando me vi, estava ao pranto, só pra não perder contexto, num templo, olhando com os olhos misericordiosos para Deus, para te trazer para mim, para te ver e te fazer sorrir, eu pensava que se não fosse da vontade D'ele, que eu ao menos te visse. Só ele compreendia a minha dor, a tua ausência, a talvez tua inexistência, o que meu amor não era capaz de explicar; uma coisa me disse para sair dali, e caminhar. olhando então vi, rainha da noite, clareira dos desesperados, e clamei como quem clama a Deus piedade, clamei inveja. Faceira pode te ver todas as noites, cada sorriso e cada lágrima tua, cada história fantasiada de ti, cada olhar teu que eu pedia para estar voltado para mim, talvez isso nos aproximasse. Clamei clemência ao luar, que talvez pudéssemos trocar de lugar, ou ficar lá; ao menos, de longe estaria mais perto de ti, ou todavia nem tanto, mas perto. Fingiu não me ouvir, escondeu-se atrás da nuvem, e assim, começara mais uma noite, regada a destiladas e amor, talvez não perto, mas longe.

18 de abril de 2011 - Ana Siqueira

sexta-feira, 15 de abril de 2011

 "Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio (...)
Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante (...)
Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço (...)
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais (...)
Que a arte nos aponte uma respostaMesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção.

E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também"
.

Oswaldo Montenegro, trechos de Metade 



Presença, ou sobre ser louca.

   Talvez, muitas pessoas achem loucura, inclusive eu e você. Talvez esse seja o erro das nossas vidas, ou talvez, o que nossas vidas precisavam. A idéia do você, é sem duvida nenhuma, irrevogável, não dá mais pra não te ver, não te querer. A vontade de sair correndo o mais rápido possível, te abrir um sorriso e dizer bom dia é maior que eu, é maior que o mundo. Não consigo escrever rimas ricas, e muito menos palavras muito belas, mas é verdadeiro, não entenda mal se o mais belo texto, é também o mais simples. Entenda que toda vez que eu te olho, mesmo que não diretamente nos olhos, meu coração acelera, entenda que toda vez que eu falo, mesmo que não ao pé do seu ouvido, é sincero, entenda que quando eu falo que me faz bem, mesmo que eu chore, é porque eu percebo que te quero como nunca quis outra pessoa; entenda que esse choro é saudade e não tristeza, do abraço que ainda nem senti, do beijo que ainda, e repito, ainda não me deu, e que do amor que um dia, eu vou poder te dar, e afirmo, que ainda vai ser pra sempre, que sim, vai ter final feliz. Cada lágrima que brota aqui, ficam nessas palavras. Cada hora longe de mim, me brotam flores. Talvez ai esteja a prova que nunca se deve desistir de um amor, e nunca deve-se desistir do que é para uma vida toda, afinal, pode ser pra vida toda. E se no fim, se nada do que foi dito, seja cumprido, me perdoe caro Pierrot, não leve a mal, pobre Colombina, que ainda não sabe o que é amar, que ainda não sabe o que é ser amada, e que ainda quer ter final feliz. Pode-ser que nunca te veja, nunca te toque, mas que tu me tocou como ninguém nunca vai fazer é irreal, sinto falta de você.
Eu disse que não se deve eternizar nada, que podia ser cedo para correr riscos, mas um dia, piá me contou que vivendo com passarinho, aprendeu, que a vida sem correr riscos e somente de certezas, não é vida. Então aqui, cair-me-ei a essa brincadeira, e que tudo esteja nas mãos de quem nos criou, porque ainda, e tenho dito, ainda não digo eu te amo, por medo e talvez um pouco de orgulho; coração anda aquecido, acho que está dentro de ti, e cuida dele, como se fosse passarinho, seu passarinho. Cresce comigo feito criança, sem se importar com as dificuldades da vida que assanha a tentar nos separar? Fica comigo mesmo que com as letras para o resto das nossas vidas? Me diz que sim, mesmo quando todos dizerem que não? Morre comigo, mesmo que vivo? Me queira bem, como eu te quero. E que se todos um dia, todos, inclusive teu mais fiel anjo dizer que isto é loucura, aceite-a e a viva intensamente como essa pobre montoeira de palavras? Viva como meu anjo, viva como se fosse só o hoje, como quem vou pra ih num piscar de sonhos. 
Quando acordamos, promete? volta a mão ao teu coração, lembra que estou lá, e dorme outra vez, pra te encontrar? Estou esperando por você, porque de hoje em diante, é só você que faz cantar;  

15 de abril de 2011 - Ana Siqueira.






sexta-feira, 18 de março de 2011

         Piano.

"Construindo o romance prego a prego, telha a telha levantando o verso: deixando nele a mancha das mãos, e as goteiras da ortografia".
                       Neruda, Pablo.


Meu coração está como um piano. Não entendi a causa de tal comparação. Só sei que talvez o compasso das teclas ou até mesmo a melodia barata em meio a bohemia, seja assim o pulsar. Cada tom é lágrima de estar junto do marfim e longe da corda. Cada grave é como retirar um pedaço dele sem dó. E agudo é ferida que se abre ao não conseguir enxergar o amanhecer ao teu lado. A escuridão que aflora na noite me inspira a criar uma melodia para você, nela, batidas de coração são misto de raiva e sensação. São misto de amor e pianagem. Creio que ao sentir minha melodia e ouvir meu coração entenderás como se parece ele ao piano. Como te hipnotiza e te chama, que me toque todas as noites.

15 de março de 2011