quinta-feira, 30 de maio de 2013

“Na contra mão do espaço e tempo”

Agora que estou surdo
Tudo fica mais calmo
A maré do trafego dos carros
O cacarejar frenético das buzinas
Os macacos selvagens que pulam de arranha-céu em arranha-céu

Sou uma pedra estacionada ilegalmente em um cruzamento

Felizes são as pedras que são surdas
E as arvores que são mudas e paralíticas...

Agora que estou mudo
Tudo fica mais fácil
Enfrentar a maré do trafego
Suportar o cacarejar frenético
Insultar os macacos que pulam do arranha-céu

Sou uma nuvem presa em um congestionamento

Felizes são as gotas que nunca caem solitárias
E os trovões que se fazem escutar mesmo distantes...

Agora que estou cego
Tudo fica mais claro
A morte enfrentando a maré
A surdez suportando o cacarejar
O silêncio insultando os macacos

Sou um cometa parado no acostamento pedindo carona

Felizes são as estrelas que se acham eternas
E o universo que se acha infinito...
Thiago dos Santos Andrade


Thiago Andrade é estudante de psicologia, um pouco poeta, um grande amigo e um músico excelente. Uma de suas lindíssimas músicas pode ser ouvida aqui no blog. A Faixa 14 dessa playlist é de sua autoria. Vale a pena ouvi-lo e compartilha-lo! 

quarta-feira, 8 de maio de 2013



"agora caiu em um misto de saudade, de lá e de cá, das poucas poucas horas que restam, que vivi e que vou viver. o que consta é que existe e por esse motivo, dói".

Saudade que vem de cá pra lá
De horas batidas e moinhos que giram sem vento
De idas e vindas, quedas e copos
O que ainda existe, é sombra.
Sombra de dúvida e a sobra de saudade
A borda da pizza e a espuma da cerva
O que afunda é a dor, de outrora de cá
E o que me faz bem?
Olhar retratos de lá e cá
Dos sorrisos tortos de fechar os olhos
Das bobagens que caíram por terra e chegaram ao limite.
O que ainda insiste, é sombra
Sombra de dúvida e a sobra de saudade
E só respirar e voar, pra tudo voltar de vez
A rotina, a letra e o tom
Cada qual em seu verso sem horas
O que ainda persiste é...

08/5/13