terça-feira, 28 de junho de 2011

Mesmo assim, só.


     Eu me sentei ao que pareceu uma beira de abismo, mas na verdade era só um deck. Se sentou ao meu lado e ali apreciamos o azul assumir aos poucos uma cor alaranjada. O sol estava imponente naquela tarde gelada. Ficamos perto um do outro, com as pernas para fora da plataforma, parecendo crianças que não alcançam os pés no chão daqueles bancos de praça. Ficamos ali talvez por dias, mas na realidade só alguns minutos e comentei, sobre a sensação de estar sozinha sempre. – Estou do seu lado, revogou. Mas insisti em dizer que estava sozinha. Ele ficou pasmado, e me levantou mesmo que a força, e me abraçou tão forte, como se pudesse talvez me machucar, e sua voz já ganhava um tom meio que de desespero, indagando como estaria sozinha se eu o sentia ali, pulsar na minha frente. Pus minha boca do lado do seu ouvido, e com uma voz doce de menina, disse, que naquele instante todo abraço não era suficiente para eu me sentir amada, mas que o abraço dele me fez existir. Brotou sorriso e lágrima, brotou amor e dor. O amarelo havia se tornado marinho, e o frio, garoa gelada. Me passou a mão no pescoço e o sorriso que me fazia rir permaneceu a 
volta toda. Me fez querida, me fez aconchegar, mas ainda sim, sozinha no mundo.

29 de junho de 2011