domingo, 8 de novembro de 2015

É preciso permitir-se. 
Existem dias que precisamos andar com o zíper do jeans aberto e de pés no chão, abrir uma barra de chocolate e a devorar inteira, sem julgamentos. Ouvir uma música sobre amor e não chorar, muito menos se lembrar de alguém, só contemplar. Tem dias que a gente tem que se permitir passar horas estirada na cama, não de melanconia, mas de preguiça. É preciso as vezes, largar as leituras obrigatórias e pegar um livro, aquele, mais sentimental. Ligar para alguém e matar uma saudade que estava até meio esquecida no peito. As vezes é bom sentar embaixo do chuveiro e esquecer que a conta de luz vai vir cara. Colocar uma música alta e dançar com a vassoura e ficar feliz em ter uma casa para faxinar. Aquele dia de sol, pede pra deixar tudo pra trás, e dar uma volta, tomar um sorvete e experimentar muitas roupas e não levar nenhuma. Alguns dias, precisamos nos permitir sorrir, sem motivo, ou por um elogio, olhar-se no espelho e pensar: eu acho que emagreci um pouquinho. Tem dias que a gente precisa fazer algo que não faz todos os dias. É bom colocar o salto alto e passar batom vermelho pra fazer um café pra você mesma. Eu acho que o saldo geral do dia é: É preciso permitir amar, aceitar e cuidar primeiro de você mesma, para depois, oferecer aos outros. 

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Sobre a mulher moderna;

Todo homem adora uma mulher independente. Aquela que tem metas como as dele de ter seu próprio carro, apartamento e um emprego estável com um salário justo. A maioria deles adora uma mulher que saiba conversar, sem papas na língua, principalmente sobre futebol, cerveja e até mesmo outras mulheres. Se a mulher ainda tem, apenas por tempero extra, algum dom culinário, é carinhosa com as crianças, é uma mulher prendada, aí sim se torna para amarrar qualquer homem. Quando se arruma, essa mulher enlouquece; não precisa ser salto. Uma camiseta velha, um meião e calcinha. Mas tem uma coisa que ele delira: quando a mulher se diz livre. Sim, daquelas que irá pro seu apartamento no primeiro encontro se tiver vontade, que faz tudo o que quer, no sentido carnal da coisa, que não tem pudores e não pensa em julgamentos, aquela que já pegou uma ‘amiga ou outra’, essa mulher é o sonho de qualquer homem. Só acho uma grande pena, que esta mulher não seja a ideal para namorar. Certamente porque os homens tendem a ter medo que esta mulher livre o traia, queira mandar na casa ou coisa assim. Logo, todo homem adora uma mulher independente, mas como diria os Demônios da Garoa, Amélia que era mulher de verdade.

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Putas também amam: 
Parte I : Carmem

Carmem começou se prostituir com 19 anos. Ela não tinha uma vida difícil, não era dependente química e não tinha motivos para se tornar, mas tornou-se. Era conhecida pelo serviço "limpo" e discreto e pelo preço justo. Quanto cobra-se? Carmem queria ser enfermeira, mas tinha medo de sangue, não queria se casar, mas amou João. Amou tanto que até hoje, só suporta a profissão, por lembrar de João, e talvez, por imaginar ele no lugar daqueles homens que a consomem. 
João era um rapaz do bairro, um garoto ideal. Ele não tinha uma vida difícil, mas tornou-se dependente químico. Carmem, que ainda se chamava Clara era sua amiga de infância, de brincadeiras de pique-esconde, de empoleirar-se nas árvores para roubar manga verde. Clara e João eram inseparáveis. 
Lá pelos 17 anos dos dois, se beijaram pela primeira vez e se amaram, mas, ainda tinha outra paixão, que não conseguia largar. Certa vez, em um dia de noite escura, voltando para casa, surpreendeu-se com seu "chefe", apontando-lhe uma arma e querendo seus resultados. João os havia consumido, e a bala, consumido seu peito. 
Clara que já não tinha peito, não tinha lágrima e não tinha fé, tornou-se Carmem, tornou-se sangue frio, tornou-se o que é. Clara nunca mais amou ninguém, ou para ser sincero com o leitor, amou Carmem, sua confidente e sua válvula de escape. Carmem, seu cigarro e suas pernas se tornaram seu produto. Carmem ainda tinha tempo para ler livros de romance, e recordar-se de João e Clara. Carmem ainda tinha tempo de vez ou outra, visitar a morada de João, levar flores e fazer orações, pedia perdão e dizia baixinho: eu ainda te espero, mal vista, vestida, caída, mas cheia de amor. 

sábado, 24 de outubro de 2015

Afeto pra mim é fato. Afeto pra mim é mais importante que qualquer outra coisa. Se há afeto, afetado está e assim, não precisa mais nada: nem cachaça, nem cerveja, nem choro e nem lástima. O afeto pra mim é tudo. O afeto é puro e simplesmente o que dá pra se sentir. O tato, o caso, o olfato. O gosto, o desejo e olho. O afeto é tudo. O fato, é que o afeto me alertou que meu peito está farto de não ter afago.


domingo, 11 de outubro de 2015

É que já não há paciência para feriados prolongados, não existem planos, pessoas, lugares, não há. É que o tédio já consome mesmo sendo sábado. Parece que nunca nessa vida uma segunda seria tão bem-vinda, mas não, espera um pouco, segunda é feriado. Que merda! É que nós vemos por aí desfilarem retratos de férias, sol, praia e cerveja e você fica aí, na chuva no frio com seu chá e seu antitérmico rezando para que uma boa alma apareça e mude seu dia. O tédio já consome e a inveja também. É mais atraente tentar não acordar que ficar aqui, sentado, olhando uma tela e as imagens, sons e letras que ela emite. O tédio já consome com a boa vontade de sair e dar uma volta no quarteirão. É nesses dias que abrimos a geladeira e consumimos quase tudo que há nela, menos o alho e a cebola. Já não existe vontade de fazer algo diferente. Tomara que a terça não demore a chegar, confesso.