sábado, 2 de junho de 2012

não é carta de despedida;
(para minha família do sul)



         Parece carta de despedida, mas é cheia de sorrisos. E quanto riso, boas coisas e dias bons de se lembrar. Eu sei que volto, eu sei que os sorrisos irão sim se repetir muitas outras vezes e de muitas formas diferentes, mas esses são especiais. Olhando aqui de cima, as nuvens e vocês, e cada forma que a gente se abraçou e cada coisa que a gente já passou, e cada coisa que a gente chorou e o que a gente lembrou, parece despedida, mas não é. Ficam as coisas boas, ficam os momentos, lembra da escada? Lembra do sol? Lembra da grama? Lembra do céu azul? Eu me lembro. Como se fosse hoje, cada coisa boa. Mas eu volto! Promete não apagar a luz? Deixe a chave embaixo do tapete e o café velho na garrafa pra eu chegar e requentar? Requentar todas as coisas boas, revivê-las naquele aroma velho, de café requentado. Ele traz afeto. São como duas coisas distintas. Mas preciso pegar o trem, me espera na próxima estação ? quero ganhar teu sorriso abraço na parada. Lembrar de cada chegada que é novo fim, não? Promete aguar as bromélias? E as margaridas? Elas não gostam de café, cuidado com os espinhos das rosas nos teus pés e lembre-se, do lado esquerdo é que guardamos as flores, as dores e os amores e claro, os abraços. E as cartas? Não se esqueçam de coloca-las no correio, o mais rápido. Elas voam, o tempo voa, vê? Já é de novo o novo! E o frio? Coloque-o no refrigerador, para que não fique doente. Seja feliz, sorria como se tivéssemos dito algo bobo. Tropece, como eu tropecei, viva uma aventura. Seja feliz, seja sorriso. Pegue o ritmo, vamos, não é despedida. Mas é carta, eu acho. O sol tá no meio do céu, e a vida? Essa tá no meio da gente. Olha nosso reflexo na vida. É muito abraço, é muito curto. Viu meu endereço? Me visite, sorriso! Não fique aí. Tem café, fresco prometo, pro irmão. Tem chuva de bolinho para saciar uma fome que a farinha não faz. Tem xícaras vermelhas e azuis para agradar a família. E uma branca. Sabe porque da caneca branca? Porque ainda tem muita história pra contar, muito café pra escrever, muita vida para requentar. Saudade daqui e de lá. Café de lá não como aqui, e versa-viça. Preciso encerrar. Triste fim? Não tenho certeza! Acho que recomeço feliz, que vida feliz. Lembre-se, nada de despedida, peça a próxima pedida, seja carta, música ou um copo com pinga. Finja, não vire fumaça! E não se esqueça da Dona do melhor café requentado da cidade, do braço e do abraço, do sorriso e do rio. Não se esqueça dela.

OS: Cartas esperam respostas, bom dia.