segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Desabafo II


              Eu me sinto estranha. É uma vida cheia de dar sem poder receber, não é recíproco, é vida, triste. É molhar-se sem ter porque, por quem. Molhar-se não só de lágrima, de chuva. Esquecer-se mas não o dele. Vida tragada, sem fim. Desabafo descatado, sem nexo. Um apelo sem meio e começo. Amor em meios, terços e quartos. Entre dois e em quatro, largada, sem valor. Calor ácido, com ar de mestre, bruta. Sem valor e valores no vaso. De ponta cabeça aos pés da cabeceira. Já não basta uma, se quer a maciera toda. Ofusca os vidros com rabiscos de grafite e escreve no livro luxúria barata. Dor e desamor. Amou, como nunca, e desarmou, como sempre. Alma em desapego e vida em reclusão sem tamanha desproporção. Amor diferente, vidente e vivente. Sentimento puto e caro, em jogo, sonolento e presunçoso. Presumo mistura de indução sem ter imagem ligada a quem, um sexo um a um. Um terno e uma nota, não de canto mas no canto, grito pago. Coisa pouca mas suficiente. Vive a vida de amor e satisfação, triste e desarmada, desalmada, destelhada, destrinchada e encravada.

24 de outubro de 2011.