quarta-feira, 28 de julho de 2010

Nevotografia; do verbo amar.


De um vento do Norte...

Nevotografia; do verbo amar

Havia nevado a noite toda, o frio da madrugada só não nos despertará por causa do aconchego dos corpos e cobertores. Era a primeira noite de inverno na Inglaterra. Nossa primeira noite de inverno. Ao amanhecer, ou quase ao entardecer, o sol manhoso entrou pela janela dizendo que era hora de levantar para mais um dia. Ao perceber um toque ‘esbranquiçado’ na janela, me aproximei para tentar distinguir o que seria. Então eu vi, vi pela primeira vez o sonho de grande parte dos homens. A neve havia chegado ao norte. Corri para nossa cama, onde aquele que jurou, estava mais relaxado que tudo. Ocupara ela toda. Sentei-me ao seu lado, e com leves toques o despertei dizendo sobre a chegada da visita. Foi instantâneo, num instante pijama e cobertor, no outro casaco, meia e luvas. Estávamos prontos para nossa grande aventura. Nos lançamos. Houve guerras, bonecos e anjos na brincadeira. E por fim aquele abraço, que esquentou não nossos corpos calejados de frio, mas sim a alma. Põe-se em direção a casa e voltou. Temos que registrar e quantos foram. Mas aquela, a mais especial. Olhamos para a lente, abrimos um sorriso. A mais linda foi a mais esquisita. Olhos lacrimejantes, narizes feito renas, caras de ‘mãe, não me acorda’, agasalhados para o clima e ainda sim aquela luz, o sorriso; tudo ficou ali pra sempre, imóvel, irreal, registrado.

A foto virou o continente, chegou à família, ao amigo, a tia e até mesmo ao cachorro, que de tempos não ver, restou a lembrança do latido abafada. A saudade era clichê, como a frase atrás do registro enviado em mãos pelo correio:

- Inglaterra, inverno de 2010.

Oi guris da tia, como estão, mandei pra contar,

a neve é muito linda, branca e gelada como

dizem. Amamos muito vocês, estamos com saudades.

Nos veremos em breve. Um beijo e um abraço.


-- Ana Siqueira – 29 de julho de 2010


domingo, 11 de julho de 2010

Chegou?

De um vento vindo do norte.


Os minutos contavam, eu estava ali. Sentada, inquieta e tensa. Eu olhava o relógio, se passavam duas horas, e ele não havia mudado seus ponteiros. Não havia mais incerteza, medo e até mesmo unhas. Só os minutos. Só o pulso. Só o coração. É ele? Não. E agora? Não. Meu Deus, que espera.

Chegou! Sim, ele mesmo. Olhou-me cabisbaixo, e abriu um leve sorriso. Pus-me na sua frente, inquieta, de meio riso. Pausa. Nos olhamos nos olhos. Pausa. Ele sorriu. Eu fiquei azul. Nos abraçamos, e ali ficamos, horas paradas no relógios, por instantes infinitos e sentimentos incabíveis no gesto. Sem nos soltar caminhamos, rindo, falando, talvez até mesmo amando. Mas ali juntos, de braços entrelaçados, como a liga do aço. E ali, se não amizade, um amor eterno floresceu, a cada passo as certezas, de um abraço que concretiza o sentimento, que havia florido.

Ana Siqueira - 11 de julho de 2010

sábado, 10 de julho de 2010

Entregaram;

Amigos Gustavo Paiva e Anne Karoline
Fitas por: Anne Karoline, Gustavo Paiva e Ana Siqueira. 2009.

Entregaram-me de presente ao amor. Foi lindo como ela me pegou, e me aproximou do rosto, num movimento simples e certeiro. Sentiu meu perfume e se pôs a ter um sorriso extremamente cativante. Ele, quando me entregou, ficou pasmo, rubro, sem feição. Não sabia o que fazer muito menos falar. Foram instantes de doçura, de amor verdadeiro, que ambos não podiam explicar, e tudo por minha causa? Eu não entendo como eu, vinda da semente que ninguém dava valor, depois de crescer, pode deixar um casal em tão estado de flutuação. O pior não é isso, a parte em que eles se aproximaram e encostaram uma parte úmida de seus rostos uma na outra, num movimento perfeito, onde pareciam se encaixar perfeitamente, num sincronismo sem igual. Eu estive entre os dois o tempo todo. Os batuques do coração eram tão fortes que quase me deixaram surda. E me apertavam, apertavam forte no peito. Quando se distanciaram de novo e pude respirar, uma das minhas pequenas caiu. Só não me entristeci porque a moça de cabelo encaracolado e de sorriso estonteante concluiu: - Foi o presente mais bonito que já você podia ter me dado.


Ana Siqueira - 10 de julho de 2010