terça-feira, 28 de outubro de 2014

Aurora sempre teve um auto-controle muito grande. Auto-controle em todos os sentidos: sabia a hora de parar de beber em uma festa, sabia o limite da hora de acordar, sabia de suas obrigações, sabia a hora de parar de chorar, sabia a hora de escrever e também soube a hora de parar de fumar, por mais que tenha algumas recaídas quando está nervosa e nessas horas ela puxa um cigarro da carteira de couro que guarda no criado muda, dá uma ou duas tragadas e já o joga fora. 
Certo dia, em um encontro casual que deveria ser apenas mais uma casualidade que deveria ser apenas vivida de forma intensa e radical, como sempre foi. Lhe chamou a atenção. Não houve nada demais. Aurora viu um filme muito bem acompanhada e daí sentaram em uma praça de frente ao lago próximo do cinema e passaram ali algumas poucas horas. Disse poucas horas? Quis dizer muitas horas. Na realidade para ser bem exata foram quatro horas e quarenta e sete minutos. Um papo que levou a outro, e a outro, e a outro.
Quando Aurora entrou em casa o sol já se arrastava atrás da janela, e pensou: Nada de sexo? Nada de indiretas grotescas? Oquei, isso realmente foi diferente. Ela se sentou no sofá e não conseguiu dormir lembrando dos episódios engraçados que a conversa teve. De fato, aquele encontro não foi nada clichê e sabe do que mais? teve vontade de repetir. 
Dessa vez, o encontro acabou na casa de Aurora, no sofá e na cama, mas ainda com longas conversas. Era vicioso. Aurora se lembrou que assim como o cigarro, ela parecia precisar ter que dar algumas tragadas na conversa para dormir tranquila. Era quase sem querer, mas ao mesmo tempo muito bem intencionada. 
No dia seguinte, Aurora abriu a geladeira e viu um suco de uva que estava pela metade. Sorriu e se serviu. Lembrava dos detalhes e afagos, dos afetos e sonetos, músicas e risadas. Era bom e era afeto, não era clichê, mas era bem perto.  


terça-feira, 14 de outubro de 2014

crônica de mim

Já parou pra pensar que é nos momentos de pura intimidade que paramos para pensar sobre nós mesmos? Sim, naqueles solitários principalmente! Como a ida ao banheiro, quando teu organismo está prestes a evacuar o que não lhe serve mais... é neste momento que você se questiona, pensa, repensa e até mesmo chora. Você elimina nestes momentos, os pensamentos que não lhe servem mais, ou os que mais lhe aflige. Pensei esta reflexão no vaso. Engraçado, acho eu e um tanto quanto constrangedor.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014