sábado, 8 de maio de 2010

Asfixiado


Ligou e disse para visitá-lo. Tomei meu banho e talvez inconscientemente ou acidentalmente tinha colocado a ligirie vermelha que tinha na gaveta. Quando cheguei estava só, e assim iria ficar durante aquela semana toda.

O programa romântico estava lindo. Parecíamos recém casados, o que realmente nem estava perto do real, era só mais um caso para ambos. O filme estava rodando na tevê e os minutos no relógio. Acho que cochilei entre suas pernas e braços quentes né acariciando naquele fim de tarde gelado.

Quando nos deparamos, o filme havia terminado; foi inevitável. Aqueles sorrisos seguiram-se de beijos que tomaram conta de nós. E ali naquele sofá sentimos o que nunca foi tão forte naqueles últimos dois meses. Ele saiu. Fiquei no sofá, martelando coisas na cabeça e sou interrompida por distorções de guitarras e baterias, era música, era fetiche.

Quando voltamos a ficar juntos no sofá, o ventilador não dava conta; carinhos, beijos e mãos estavam tão quentes a ponto de sair faíscas, estávamos indo para um caminho sem volta, e esse nos levaria ao quarto.

Eu não entendia o que ele dizia, mas sua intenção era que levantássemos no entanto não conseguíamos, estávamos entre laçados de tal forma que seria impossível nos soltarmos.

Rolamos para o chão. Com muito custo nos levantamos, entre tropeços e desequilíbrios, pressões na parede e palavras que saiam meio abafadas chegamos ao quarto. Lá os acordes graves ensurdeciam, mas não importava, o tal calor nos consumiu.

Mãos, pernas, bocas separados por peças de roupa, ele tirou a camisa e abriu os botões da minha, quando estávamos ali agora vendo o peito do outro pulsar, voltamos a nos engalfinhar loucamente, interrompidos por um:

- Espera!

Eu não consegui evitar, foi mais forte do que eu. Quando paramos de nos beijar ele se sentou do meu lado, me fazendo caricias, compreendeu. Ficamos ali sentados, abraçados, por horas.

Pensei em chorar, mas o orgulho é mais forte; me soltei e sentei na beira da cama, ele fez o mesmo, eu vi nos olhos dele um sentimento de tristeza, mas eu sabia que aquela não deveria ser minha hora. Eu disse que estava tarde e deveria ir. Ele me ofereceu companhia, eu rejeitei, queria caminhar sozinha, talvez refletir.

Quando sai de sua casa, ao ouvir o barulho da porta batendo, estalei os olhos, e vi que estava em meu quarto, abraçando aquele ursinho de pelúcia que ele havia me dado. Quando reparo, ele está na porta, me observando com um largo sorriso, fico revoltada, afinal, estava não apresentável, ele diz que é tolice e me faz um convite para assistir um filme em sua casa. 04/05/2010.

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