quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Parto-me em pena.

Aurora tinha sérios problemas com relacionamentos, seja os que teve ou os dos outros e não era por mal. Aurora fazia o tipo de mulher que era mais menina, mais levada. Aurora havia abandonado seus longos cabelos loiros e lisos. Deixou as químicas de lado. Aurora trazia consigo os traços da maturidade, e diga-se de passagem, digo que infelizmente o deixou. Mas voltando a falar de relacionamentos, nossa personagem era do tipo que se apaixonava fácil e claro que tenho que dizer que isto é um grande defeito. Eu digo defeito, porque como se diz no velho ditado, quanto mais alto o sonho, mais alta a queda também, e foi de tombo em tombo, que ela aprendeu a não ser tão intensa. 

É uma pena. 

A intensidade com que Aurora fazia com que o ar entrasse em seus pulmões ou que seu uísque descesse pela garganta não era fácil de ver em uma pessoa. Ela era do tipo de se entregar de corpo e alma à tudo. Era lindo. Mas amadureceu, e como todo processo biológico/natural, teve seus parcos momentos de reflexão e deixou de ser tão intensa, passou a ser mais racional e é claro que este parto ocorreu quando Aurora pôs fim ao seu primeiro relacionamento, que durou em média quatro anos. 

Aurora queimou as fotos, as cartas. Doou as pelúcias à um abrigo de crianças e fez questão de quebrar uma garrafa de vinho que estava na geladeira. Aurora teve sérios problemas com este relacionamento. Ela não queria terminar, amava o rapaz, mas sabia que levar o amor em frente lhe daria muita dor de cabeça. É que o amadurecimento biológico chamou mais alto. Aurora tentou disfarçar em rostos, caras e bocas, mas sofreu intensamente a dor do parto-me. 

Mas agora cresceu. 

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