Aurora estava decidida a nunca mais compartilhar uma mesa com um estranho, nem para um café e muito menos para um sorvete. Mas esta certeza foi colocada em cheque quando um rapaz não tão mais velho e nem mais novo se aproximou e a perguntou se podia fazer companhia.
- O café está cheio, se importa de me deixar sentar aqui?
- Claro que não, a vontade.
Na realidade, em sua cabeça soava algo como um pequeno xingamento por voltar atrás de sua tão certa decisão. O rapaz tinha um sorriso simpático, qual seria o problema. Sua desconfiança era real, além de muito simpático e bonito, o gajo tinha um certo sotaque que não era de um brasileiro e muito menos de alguém que era nascido no interior de SP. Um sotaque meio germânico, italiano e mineiro. Antonio nasceu no Brasil, passou a infância na Alemanha e voltou ao Brasil tem alguns bons anos. O papo foi tão agradável que rendeu mais alguns dois ou três cafés e isto que ainda eram apenas quatro da tarde.
Aurora e Antônio falaram de tudo. De livros, de música, de sonhos, de porres e algumas decepções. Tiveram boas conclusões sobre as coisas e principalmente sobre a vida. E principalmente de café, de afeto e requentado. E concluíram: Essas últimas horas nunca deveriam ter passado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário