sábado, 4 de julho de 2015

João, Vitor e Prosa.

Parte I : Folhetim
Ela estava cansada e impaciente. 
O namorado havia saído para comprar algumas cervejas fazia alguns meses e não voltara nem para se despedir e foi ali, folheando um jornal do dia anterior, à procura de uma distração que nos classificados encontrou anúncios de alguns acompanhantes para mulheres. Sorriu. As descrições eram cômicas: "19cm de puro tesão"; "chocolate bom de cama"; "viril como você nunca viu" ... apenas um deles chamou realmente sua atenção: "Quero conversar com você e tentar te entender, quero me estender e te satisfazer. Mr. Toy (xxxx-6528)". Era o tipo de anúncio que despertava a curiosidade de sua clientela, não havia descrições físicas ou mais detalhes, apenas uma pequena poesia envolvente e que despertou na nossa personagem, uma vontade louca de ligar e contratar os serviços do rapaz.
Parte II : Like a virgin
O celular já estava em sua mão antes mesmo de cogitar não fazer isso. Discou e pensou: É da mesma operadora mesmo, não tenho nada a perder, só minha curiosidade. Quando o homem no outro lado da linha atendeu, encabulada perguntou por Mr. Toy. Na mesma hora, o tom de voz adquiriu um ar sensual e a prontidão do atendimento se apresentou. Perguntou seu nome, sua idade e o que pretendia com a aquisição do serviço. A garota se sentiu como uma menininha de quinze anos, que recém iria ganhar seu primeiro beijo, tremia e gaguejava o tempo todo. Experiente, Toy compreendeu a situação e logo propôs um encontro para negociar o trabalho.
Parte III : Cerveja e trova
Em um bar conhecido da cidade marcaram de se encontrar naquela noite para então negociar o trabalho. Ela não sabia como ele era logo, não poderia o reconhecer quando chegasse. Para resolver o problema, haveria uma mesa em nome de João Palhares. Ela já o aguardava quando um homem fixou os olhos nela desde a entrada do bar. Tinha que ser ele! Era o seu tipo de homem preferido, em todos os sentidos. Chegou até a mesa e perguntou se acaso ela estava esperando João Palhares. Ela acenou positivamente com a cabeça, seu rosto queimava de tesão e de vergonha. Ele era um homem estupidamente lindo.
Parte IV : Contrato, folhetim e prosa.
Ele apresentou sua proposta: uma noite com direito à jantar, passeio de carro pelo centro histórico da cidade, vinho e uma bela foda. Parecia tão natural para ele. Me assustava a maneira como ele me perguntava se podia penetrar meu cu ou se podia me engasgar com seu pinto, sem nenhum pudor. Eu não tinha muitas restrições referentes a sexo, e no fim das contas, eu estava louca pra ver o que aquele homem podia fazer. 
Parte V : Finito.
Um grande diferencial do contratado era que ela também ganharia recomendações tais como vestir um conjunto de renda e preferencialmente branco, estar depilada e ter em mãos, inicialmente, 50% do valor pois caso a satisfação não fosse total, não seria obrigada a entregar o restante do dinheiro, era uma questão de princípios, dizia. E assim ela estava esperando. E tudo procedeu como o combinado. O jantar, o passeio e o vinho, pareciam até mesmo parecer um casal apaixonado e jovial. 
Chegaram até o apartamento e começaram uma dança de corpos, gemidos, sussurros e inquietações. Ele sabia o que fazia. Onde colocava cada mão e a boca, a intensidade e a velocidade. Cada golpe friamente calculado para que sua clientela entregasse cada centavo com um sorriso no rosto. Mr. Toy era um homem esperto, vendia sorrisos e sexo por um alto custo, mas sabia como agradar uma mulher e no fim, sempre ganhava gorjeta pela qualidade dos serviços prestados. 
Parte VI : Vapor não barato
Exaustos, tomaram um banho juntos e conversaram mais um pouco sobre a vida e seus dilemas. O garoto de programa, confessou-se Vitor, ter 29 anos e ser um engenheiro frustrado. Disse que gostava mesmo era de trabalhar com o universo do prazer, servir prazer e principalmente o vender. O rapaz quantificava cada gesto. Narrava que cada orgasmo que ele ouve é como um like em seu ego. Questionado pela curiosidade da moça sobre o amor, Mr. Toy disse com todas as letras e um leve sorriso malicioso: Isso não me paga as contas, querida. Meu anúncio e meu corpo pagam. Com isto, entregou o restante do dinheiro e mais uma gorjeta e o levou até a porta.

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