sexta-feira, 13 de agosto de 2010

E de um vento da zona norte;

Só;


Voltando do serviço, eu observava as pessoas ao meu redor, coisa não muito comum. Percebi o quão orgulhosa sou. Porque não olhei pro lado? Ninguém reparou que estava ali. Nenhum olhar penetrou. Conseqüentemente, casais. Apaixonados, brigados, enamorados, enfim casais. Olhei para minha mão direita, só via uma pasta preta, forrada de folhas, olhei para a esquerda, meu celular. Deus. A idade já não era a mesma e me percebi ali, no meio do centro, sozinha. Sentei-me. Naquele banco fiquei horas, dias, anos. Pensando ou morrendo? Sou sozinha. Porque não olhei pro jornaleiro da esquina? Ou pro conhecido da minha tia? Deus! O amor da minha vida, a minha paixão de adolescente. Será que era ele? O garoto que eu não dei a chance. As flores que eu recusei, o tapa que eu dei. A traição que não perdoei. Não creio. E o convite pra jantar? A música que eu não quis ouvir. E o sim que rejeitei. Só, e somente só. Posso achar ele em outra esquina. Ou ela em uma boate. Mas será que ele iria conseguir ser o senhor do meu tempo, como aquele rapaz da caixa de bombom? Passou, só, e somente só. Vou reparar. Achar o telefone. Olhar “pro homi”. Pedir o perdão. Molhar o calção. Achar o ladrão. Enfim, viver com meu coração. Encher o sim, dispensar o não.

Ana Siqueira - 13 de agosto de 2010 - Sexta-feira.

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