sábado, 14 de agosto de 2010

O rádio. A flor. Sem dor.

Amigos Gustavo Paiva e Anne Karoline
Fitas por: Anne Karoline, Gustavo Paiva e Ana Siqueira. 2009.
Música A Flor - Los Hermanos - Composição: Rodrigo Amarante/Marcelo Camelo

O rádio. A flor. Sem dor.

Eu a amava. Como ninguém jurava que poderia, nem mesmo eu. E ela me amará da mesma forma, achava. Era flô em dia de sol na primavera, era sereno na minha janela. Era amor.

Ouvi dizer, do o teu olhar ao ver a flor..." Inflamou-se.

Eu a sentia, e assim fiz. Tudo junto, tudo com ela, tudo pra ela. Ela. Era festa. Amigos, fuzuês e vodka. Riamos como calor de verão. Como hilariantes comédias de teatro de campanha. Como pão e circo. Sem perceber.

Não sei por que, achou ser de um outro rapaz. Foi capaz de se entregar” Fez sentido.

Os olhos não foram para mim. Menos o sorriso. Amor! Ah, dor! Amor doente. Finge não ver a névoa, fingi estar em paz, sorri e bebi.

“Eu fiz de tudo pra ganhar você pra mim, mas mesmo assim...” Foi suplício.

Sorri, elogiei, cantei, dancei, chorei. Entreguei tudo. A valsa não tinha o mesmo compasso. Os olhares tão menos o fogo. A boca já não tinha o mesmo tom. E o pulsar, esse já não pulsava por mim.

“Minha flor serviu pra que você, achasse alguém, um outro alguém que me tomou o seu amor. E eu fiz de tudo pra você perceber, que era eu...” Sangrei.

Retirou-se. Da vida, da canção, da festa, do meu amor. Do louco tolo que simples assim entregou-se. E agora? Que faço sem minha essência. Desonroso, fui, de não tentar. Despacho. Desfeito. Desabado.

“Tua flor me deu alguém pra amar. E quanto a mim?” Morri.

Sem mais ninguém. Sem mais alguém. Sem um talvez. Acompanhado de um nunca mais.

“Você assim e eu, por final sem meu lugar. E eu tive tudo sem saber quem era eu...” Tentei.

Tentei alguém. Um novo aroma. Uma nova fruta. Sem temer. Enfim.

“Eu que nunca amei a ninguém” Desisti.

Acabou-se a música. Chegou ao fim o amor, que fez de tudo pra não rimar com ‘im’. Restaram flores, coroa, velas e dores. A saudade, e que saudade.

“Pude, então, enfim, amar...vai...”

Não com ela, mas sempre dela.

Ana Siqueira - 14 de agosto de 2010

Um comentário:

  1. Coisa!!! Que ideia fantástica! Me pareceu um clipe! *-* O Camelo ia fazer to teu texto o roteiro!

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