quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Santo tempo;

Os ponteiros do relógio pararam para admirar o casal, ora que retrógrado. Nenhuma casa mais tem relógio de parede, mas tempo tem e como demorava a passar quando o casal estava junto. As horas eram vagarosas e nada podia fazer elas se adiantarem. Ele pairava a cabeça no colo dela e ela as mãos em seu rosto. Eram só sorrisos. O aparelho de som tocava uma música que dançava no ritmo dos corações do casal e a TV transmitia algum programa tedioso que não lhes interessava mais. Os olhares por vezes  se cruzavam e fechavam talvez imaginando o minuto seguinte, o que ia acontecer, mas como ele custava a passar, passeavam-se com os suspiros de quem certamente estava apaixonado. Eles não sabiam o que estavam sentido, mas estavam plenamente felizes e gostavam de cultivar aquele sentimento. Quem dera todo amor nascesse puro assim, despreocupado, sem pressa. Quem dera toda distância fosse diminuída meramente a pó de café, adoçado à gosto e servido quente, cheio de afeto. 

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