sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Rosa, só.

Pra ouvir enquanto lê: Bandolins - Oswaldo Montenegro.

Os olhos se encontraram em meio ao amontoado de pessoas. Os sorrisos se abriram e eles não se desgrudaram em meio multidão, se viram, se apaixonaram. Os olhos se fecharam quando as testas se tocaram e uma dança sem compasso aconteceu, caiu lágrima e surgiu uma flor, era uma rosa, mas não vermelha-clichê, mas sim branca. A lágrima não se conteve, e como num abracadabra, o beijou duraria até o quarto. Suspensos, passearam pela testa, olhos, face e boca, desfilando, era caseiro. Não se conheciam, nem as mãos e nem as coxas, nem os olhos e nem a boca. A luz ia baixando, junto dos mimos. Cada qual conhecendo o sentimento, lentos como água de mina. Não abriram os olhos,  se conheceram como dois cegos, sentiram como dois cegos, curiosos. Já era dia quando acordaram cada qual na sua cama, cada um só, menos a rosa, que nem existiu.

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