terça-feira, 2 de novembro de 2010

Vesti;

  Enfim, algo brotou, e como Clarice é sempre propicia...

No mais fino e doido do seu sentimento ela pensava: Vou ser feliz!

Clarice Lispector


Vesti.

    Vesti, a cinta liga e liguei o foda-se. Criei a feição de má, e coloquei a desordem em primeiro lugar. A noite não começa cedo, e o respeito deixei debaixo do travesseiro. A loucura plena era lucro e o amor era lenda. Amor. Já senti, e já mataram, por isso passado. Amor hoje, é vicio. O que tenho nas veias, já não é homogêneo. Tem 40% de álcool.  Minha vida é na rua. É a saia de couro, a meia rasgada e o som das cordas elétricas fritando minha cabeça. O que eu gosto mesmo é de estar entre quatro paredes, e em cima de uma cama, com o calor subindo das pernas até o ultimo fio de cabelo. Pintei minhas unhas de vermelho, mudei o tom do cabelo. E subi. No salto agulha de 12 cm. A vida antes de cálculos e movimentos minuciosos para nada dar errado é hoje é de poemas sem rima, boemias e prazer, vivendo só o hoje. Uma vida regrada a luxúria e de idolatria a Baco. Hoje, sou sedenta de carne e não quero mais aquele vestido florido. A inocência ficou na infância e meus pedidos são mais ousados e materiais. Já não são as mesmas faces ou intelectos. Já não são aqueles momentos para fugir de casa. Hoje a necessidade não está em saciar, mas sim em não morrer. Talvez o rosa das flores ainda esteja na alma, mas hoje, só o vermelho da boca daqueles que são tão infiéis quanto eu, me fazem entrar no êxtase, me fazem gritar e chegar ao ápice. Só o calor, e o contato e aquelas palavras, nem tão sinceras, me fazem acreditar. E o sorrir? Somente aparece, quando aquela satisfação brota de seus meios. Já não era a mesma vida, ou os mesmos planos. Era o hoje e o vestir, a vida que nunca estaria em seus planos. E lançou-se.

03 de novembro, 2010.




6 comentários:

  1. E a minha menininha virou mulheer, fico feliz de ter sido uma pequena parte desta mudança,o simples ato de passar batom ;)
    Ana sendo menina no melhor estilo mulher !

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  2. A a menina doce de vestido florido empresta seu corpo a uma mulher forte e destemida que habita agora nua e crua em sua verdade!

    LINDO texto, palavras fodas e tudo que está escrito descreve sua passagem a vida adulta. Beijos Mulher Ana!

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  3. De uma poesia que corta, sangra e dá prazer. Genial. Teu melhor texto.

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  4. Lança tua vida nas beiradas de uma poesia que faz dançar!!

    Incrível!!!

    beijo

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