quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

cinco

Aurora em suas crises existenciais, regadas a cigarro e malte destilado, pensou uma ou duas em vezes em suicídio. Pensava em algumas maneiras, simples ou não tão, de fazer o ato com maestria e perspicuidade. É que na realidade, suas mortes sempre estiveram arquitetadas. Uma morte à tiro. Clássica. Muito sangue e um furo certeiro, no meio da cabeça. Outra forjada, de atropelamento, mas esta era um pouco mais complicada, precisava de um álibi. Quem sabe, morrer de tédio? Um daqueles domingos entendiantes observando vidas patéticas em um programa de auditório. Pensava até mesmo em se jogar de um prédio ou ponte, mas tinha medo de altura. Por fim, queria mesmo é que alguém a matasse de prazer. Quem sabe assim, reencontraria o sentido de sentir e pudesse pensar um pouco menos para viver as outras duas vidas que lhe restavam. 

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