terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Azulejo


                    Eu e você, uma escadaria de azulejo, muitas árvores, pessoas subindo e descendo as escadas, e nós dois ali. Não era aquela do Rio, mas era de Porto. Acho que subi um ou dois degraus para te olhar nos olhos. Sei que não te conhecia bem, sei que não me conhecia bem. Todo aquele sentimento era novo. Acho que fiquei uns bons minutos paralisada tentando entender todo aquele desejo.  Lembro que a chuva caía serena sobre nosso amor, que mesmo com beijo, não era obsceno. Ele me apertava pela cintura e me olhava, mas o olhar era erótico, esse era. Olhos famintos, olhos de quem estava cego de amor. Era amor, talvez não soubessem, mas era. Me cantarolou canções no ouvido e juras de amor segurando minhas mãos, eu não sabia que música era, mas cantarolava a melodia pra ele. Era um amor, sereno, paciente e sincero. Era amor de escada, que sobe aos poucos. Que sobe três e desce dois, mas que sobe. Amor de azulejo é assim, deixa para trás degraus para ser forte. Amor assim é de suspirar, de faz de verdade pra acontecer. 





*** A escadaria existe e a história de amor também. Ela está localizada no centro de Porto Alegre/RS  entre as ruas Duque de Caxias e André da Rocha. A escadaria 24 de Maio foi revitalizada pela artista plástica Clarissa Motta. (http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/cultura-e-lazer/artemosfera/noticia/2011/12/poesia-ao-pe-da-escada-novas-obras-chegam-as-ruas-de-porto-alegre-3606585.html)

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