domingo, 29 de julho de 2012

Diálogos de Carne;


Os corpos quentes e ainda colados sussurravam entre bocas e beijos, frases e ditos, cheios de carne e paixão, era somente fogo, era a única certeza na cama.
- Você tá perfumado.
- Você gosta?
- Me instiga.
- Eu te instigo?
Gargalhada tímida.
- Teu perfume – depois de uma breve pausa – Gosto de te abraçar forte, sabia?
- Por quê?
- Dá pra te sentir mais perto, mais meu.
- Teu abraço me instiga.
- Mais que meus beijos?
Os olhos se fecharam e a respiração ofegante sentida no rosto um do outro indicava o indício que os lábios se procuravam. E depois de um labirinto percorrido se encontraram e permaneceram ali.
- Eu sinto tão algo forte quando você me beija assim.
- Eu também.
- Não deveríamos sentir.
- Sentir o que?
- Eu não sei.
- Quem sente?
- Eu não sei.
- Vamos parar de sentir?
- Eu não quero.
- Quem quer?
- Nós dois.
Inflamados, os corpos de carne se tornaram brasa. Não se sabia o que se sentia, mas parecia que não ia ter fim e parecia fim. Algumas horas depois, o calor daria lugar a um frio, e os braços o calor de menos quentura.
- O que a gente tá fazendo?
Não soube identificar qual dos dois corpos dissera frase, mas ouviu e se fez silêncio.
- Você me instiga.
- Teus braços me instigam.
- Para um caso carnal, estamos sentindo demais.
- Sinto muito.

29/07/12

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Ando com medo. Ando com muito medo do escuro. Vejo ele em tudo o que vejo. Minha sala está escura, está inquieta. Ando choramingando sem motivo por aí. Ando com um aperto. Será que ele me olha? Será que ele está? Mas eu nem sei o que é, como estaria? É uma nuvem escura que eu temo que apareça, ou é branca? ou é luz? Eu sou luz. Vê minha luz, eu não devia temer. Mas olho o quarto, apagado, embriagado, sujo. A poeira é penumbra de uma coisa que ainda não vi. Ando com medo do escuro sabe? Ao sair do quarto, o corredor, e uma luz no fim dele, ao maior reflexo me viro assustada e, e enfim, a cozinha escura. a janela  de vidros embaçados por causa da temperatura, a meia luz vinda do vizinho e folhas e galhos que não param de se mexer. Fico tensa. Abro a geladeira, encho a caneca de leite e volto pro quarto. Parece que ali, embaixo do cobertor é estranhamente seguro, mas ainda sim, a luz está apagada, ainda sim, ando com medo, ando no escuro. Tenho medo do escuro.